Ricardo Rio defende uma injecção de capital a fundo perdido, quer da parte do Governo, quer da União Europeia para garantir alguma tesouraria nas empresas, afirmando que cenário em Braga é “trágico e angustiante”.
Em declarações ao programa ‘Negócios da Semana’, emitido esta quarta-feira, na SIC Notícias, o presidente da Câmara de Braga falando sobre os incentivos às empresas, considerou que “o compromisso dos poderes públicos deve ser maior”, defendendo o reforço dos mecanismos de apoio ao tecido económico.
“As medidas anunciadas são importantes e bem-vindas para garantir alguma tesouraria, mas é preciso que haja uma injecção de capital a fundo perdido, quer da parte do Governo, quer da União Europeia”, sustenta.
Segundo o autarca, as micro e pequenas empresas de base comercial estão a enfrentar problemas graves, nomeadamente as da área da restauração. “Em Braga, gerou-se um movimento de operadores de mais de 100 empresas (URBAC) que reivindica a criação de medidas mais concretas, nomeadamente para os sócio-gerentes, por forma a garantir a sua efectiva sustentabilidade financeira”, enumerou.
RETROCESSO DE SEIS ANOS
Apesar da criação de plataformas de vendas online para as pequenas unidades comerciais por iniciativa da InvestBraga, Ricardo Rio frisa que o nível de actividade está muito aquém do que seria normal no concelho.
O autarca bracarense reconhece que o actual cenário é “trágico e angustiante”, num concelho que arrisca voltar seis anos atrás. “Arriscamos perder o nível de emprego criado a um ritmo de dois mil postos por ano; perder boa parte da capacidade exportadora que nos levou a ser o quarto concelho mais exportador do País; e arriscamos perder todas as outras dinâmicas comerciais e turísticas que fomos sustentando ao longo dos últimos anos”, disse.
MANUAL DE PROCEDIMENTOS
Ricardo Rio defende a elaboração de um manual de procedimentos com orientações sanitárias claras para que seja possível às empresas retomarem a sua actividade, considerando que “a retoma da actividade económica será tanto mais rápida e alargada, quanto mais as medidas profilácticas e sanitárias forem transpostas para o tecido económico”.
“Neste momento, não existem orientações sobre os cuidados a ter na reorganização e reabertura dos estabelecimentos comerciais. E esta deveria ser uma prioridade”, alertou o autarca.
Por outro lado, Rio defende que o Governo deveria mobilizar entidades públicas como a ACT, ASAE ou o IAPMEI, em articulação com as associações empresariais, para “dar formação e directrizes aos agentes económicos sobre as medidas sanitárias a adoptar para que seja possível proceder à abertura progressiva das empresas, evitando os riscos de contágio pela Covi-19”.
Para o autarca é preciso “aprender com os erros” cometidos, relativamente a orientações e medidas profilácticas que deveriam ter sido assumidas há mais tempo. “Durante semanas, faltaram orientações precisas para os procedimentos de gestão e organização dos lares residenciais, no sentido de evitar o risco de contaminação dentro dessas instituições, com as consequências hoje conhecidas”.
“Sendo hoje importante acautelar o regresso da normalidade à actividade económica, é impensável que não se tenha em conta que os moldes em que tal irá ocorrer exigem processos profundos de reestruturação interna das organizações, que não se cingem à utilização de máscaras de protecção por profissionais e cidadãos em geral. A retoma económica nunca pode pôr em causa os ganhos de saúde pública que tivemos até hoje”, sustentou Ricardo Rio.