O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio classifica como “uma solução excelente para a cidade” a transformação da antiga fábrica Confiança em residência universitária, com cerca de 650 camas. Mas a oposição, PS, CDU e criticam, com os socialistas a dizer que apresentarão a sua própria solução para o edifício, os comunistas a afirmar que preferiam um equipamento cultural e o BE a acusar Câmara e UMinho de atentado grave ao património.
“Este projeto, a apresentar ao Governo até 15 de setembro no quadro do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), duplica a oferta em termos de quartos para estudantes universitários, uma das carências atuais mais gritantes”, salientou, frisando que a candidatura é feita em parceria com a Universidade do Minho.
O custo será de 18 a 20 milhões de euros, prevendo-se a manutenção da fachada e de alguns equipamentos fabris.
Além dos quartos inclui restaurante, ginásio, spa, e salas de trabalho e de lazer. A gestão ficará a cargo da UMinho, no quadro de um contrato a elaborar.
Governo abriu hipótese
O autarca lembra que após duas hastas públicas para venda da Confiança terem ficado desertas, o Município contactou a UMinho para que fosse estudada a hipótese de ser elaborado um projeto para uma residência. Salienta que “recentemente, o Reitor teve informação do Governo de que o PRR apoiaria a criação de residências, pelo que, e como já havia estudos nesse sentido, avançamos com o projeto arquitetónico”.
“Recupera-se o edifício com uma solução muito vantajosa e avança-se na regeneração urbana daquele quarteirão de S. Vítor”, sublinhou.
PS CRITICA
Contactado a propósito, o vereador socialista Artur Feio disse que a solução encontrada é “uma vergonha”, não pelo projeto em si, mas pelo facto de ter sido o Reitor a “dar orientações à Câmara, o que prova a sua incompetência”.
Artur Feio, que será o número dois da lista de Hugo Pires nas eleições autárquicas, adianta que o programa eleitoral dos socialistas apresentará uma alternativa para a Confiança: “este é o terceiro dossier desastroso da maioria que governa a Câmara. Primeiro, tivemos o do antigo cinema São Geraldo, que a Câmara não queria recuperar e acabou por ceder por pressão pública. E onde se pagam 12 mil euros por mês de aluguer à Arquidiocese – há mais de três anos – sem que se conheça nenhum projeto”.
E, prosseguindo nas críticas: “depois veio a ideia peregrina de vender o novo estádio, através de referendo, mas como a ideia não tinha pés nem cabeça, Ricardo Rio desistiu. E convém que se diga que o estádio já está pago, ao contrário do que a maioria apregoa”.
E a concluir: “agora temos a trapalhada da Confiança! Que, ainda, por cima, é decidida sem concertação entre os partidos!”
CDU TINHA RAZÃO
Já a vereadora e candidata da CDU, Bárbara Barros salientou que concorda com a transformação da Confiança em residência, já que esta é uma grande carência da cidade: “já tínhamos proposto essa solução. Preferíamos que ficasse como equipamento cultural, mas, a não ser assim, a solução é a menos má”, sublinha.
Bárbara Barros diz esperar que no projeto arquitetónico possa ser incluída uma valência cultural com significado, e exige que não haja nenhuma demolição no velho edifício. Lamenta que o presidente Ricardo Rio não tenha dialogado com os partidos e acolhido as propostas da CDU, que “tinha razão”.
BE DIZ QUE É GRAVE E CRITICA REITOR
Já a candidata à Câmara do Bloco de Esquerda, Alexandra Vieira critica quer a Câmara quer a Reitoria, considerando a candidatura como um caso “grave” de atentado ao património da cidade: “não entendemos como é que se transforma um edifício classificado numa residência privada para estudantes da classe média e alta”, afirma, adiantando que o BE vai questionar o Ministério da Cultura sobre o assunto.
Em contraponto, sustenta que, com muito menos dinheiro se poderia construir uma ou mais residências universitárias de raiz, destinadas aos estudantes com menos rendimentos: “gastar 18 a 20 milhões numa estrutura privada é inaceitável”, sustenta.
Alexandra Vieira lamenta que a UMinho participe num projeto de atentado ao património, quando a sua obrigação seria a de “o defender” e diz que “a Câmara, uma vez mais, rejeita as aspirações dos bracarenses, e em especial dos da freguesia de São Vítor, a maior da cidade, que queriam ter um equipamento cultural e social na Confiança, porque não têm nenhum”.
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