O Sporting de Braga comprometeu-se a construir e ceder à Câmara o piso inferior – com 800 m2 – do futuro pavilhão desportivo que está previsto venha a nascer na estrutura da piscina olímpica inacabada junto ao novo estádio.
O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio disse ao PressMinho/O Vilaverdense que, em 2016, na memória descritiva do projeto apresentado aos serviços municipais para a segunda fase da chamada Cidade Desportiva consta que o clube tinha assumido esse compromisso”.
O autarca põe, assim em causa, a posição que tem vindo a ser assumida pelo presidente do SC Braga, António Salvador, a de que a coletividade nunca aceitou a cedência daquele espaço, como contrapartida da doação dos terrenos e da própria piscina para a Academia do clube.
Na última Assembleia Municipal, Rio foi confrontado pelo deputado socialista Márcio Ribeiro com a tese de que o dirigente desportivo tinha mostrado e-mails onde constava a sua posição de rejeição da contrapartida. O socialista acusou-o, por isso, de ter levado informações erróneas à Assembleia Municipal em 2015, quando fez aprovar a minuta do acordo entre as partes”.
Esta tese havia já sido expendida pelo vereador do PS, Artur Feio, em reuniões de Câmara, nas quais o autarca do PSD se escusou a responder. Desta vez, e sentindo-se ofendido com a moção socialista a pedir o diálogo com o SCBraga: “estou empenhado em concluir o processo, dialogando com o clube, mas não posso aceitar inverdades”, disse.
“NEM MAIS UM CÊNTIMO”
Conforme o PressMinho/ O Vilaverdense tem noticiado, nos últimos meses as divergências têm-se acentuado, com o ‘Braga’ a dizer que não quer ceder o espaço – que seria para atividades de ginástica – e a Câmara a reafirmar que, se não for essa a contrapartida, terá de haver outra.
O diferendo envolve, também, as obras que o clube quer fazer para melhorar o estádio, tendo Rio dito que não gasta ali “nem mais um cêntimo”, já que ainda paga os mais de 150 milhões de euros que ali foram investidos, ao ritmo de cinco milhões de encargos por ano.
Na reunião dos órgãos sociais realizada há dias, o presidente da Assembleia-Geral, José Manuel Fernandes, referiu que “haverá uma negociação” e que António Salvador “está convicto de que haverá uma solução em que, tanto o clube, como o município, saem a ganhar. Para isso terá de haver, naturalmente, algumas cedências de parte a parte”.
José Manuel Fernandes notou que “este não é apenas um projeto desportivo ou de formação, mas também de regeneração urbana” que permite “rentabilizar todos os recursos financeiros que já estão ali colocados há mais de dez anos”.
Não é, por isso, expectável que o assunto acabe nos tribunais, onde, dizem fontes judiciais, o clube perderia dado que a assumpção do compromisso feita no projeto e o facto de só agora vir dizer publicamente que não aceita a contrapartida, fazem com que se esteja perante um contrato público, de facto.