CLIMA (alerta)

CLIMA (alerta) -

Saiba como será o clima da sua cidade daqui a 60 anos

À medida que tempestades extremas, inundações, incêndios, secas, vagas de frio e de calor nos atingem com mais frequência e intensidade, mais de metade do nosso planeta deverá transitar para novas zonas climáticas até ao final deste século.

Um novo mapa interactivo, “The Future Urban Climates”, permite explorar como o clima da sua cidade será impactado.

Se não houver uma significativa diminuição das emissões de carbono, dentro de 60 anos, Braga terá Verões 5,2 graus Celsius mais quentes e 11,1% mais secos. Espera-se que os Invernos sejam 3º C mais quentes e 2% mais húmidos. O tipo de vegetação será floresta temperada de folhas largas e mistas.

Este cenário não difere do de Viana do Castelo: mais quente 4,9º C e mais 28,4% mais seco no Verão. O Inverno, será 2,8º C mais quente e 0,2% mais seco. O tipo de vegetação é igual ao de Braga.

Tanto Braga como Viana, em 2080 terão um clima idêntico ao que tem hoje Marcellina, na Calábria, em Itália.

Vejamos Esposende: o Verão mais quente 5º C e 26,6% mais seco; O Inverno mais quente 3º C e 1,3% mais húmido. O tipo de vegetação não difere de Braga e Viana.

O clima de Esposende dentro de 60 anos será semelhante ao que Praia a Mare, também na Calábria.

Usando dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o ecologista espacial Matthew Fitzpatrick, da Universidade de Maryland, comparou 40.581 localidades em todo o mundo com lugares próximos que já estão a experienciar o clima futuro previsto para 2080.

Por exemplo, uma visita ao norte do Mississippi hoje permitiria sentir o clima que Nova Iorque deverá ter em 2080. No entanto, sob um cenário de baixas emissões, o clima futuro projectado estará muito mais próximo.

Segundo uma análise do mapa feita pela Executive Digest, os Verões em Lisboa serão 3,4 º C mais quentes e 20,2% mais secos. Os Invernos serão 6,6ºC mais quentes e 15,5% mais secos. De acordo com o mapa, as condições climáticas em Lisboa, daqui a 60 anos, serão semelhantes às que hoje se encontram em Tarifa, na Andaluzia, Espanha.

“Daqui a 50 anos, as cidades do hemisfério norte vão-se tornar muito mais parecidas com as cidades do sul,” explica Fitzpatrick. “

Tudo está a mover-se em direcção ao equador, em termos do clima que está por vir.”

Estima-se que, em 2015, quase 6% da área terrestre do planeta já tenha transitado para climas mais quentes e secos em comparação com 1950.

As mudanças mais extensas até agora ocorreram na América do Norte, Europa e Oceânia. O novo mapa revela como será o nosso mundo à medida que estas tendências continuem até 2080, mas também o que acontecerá sob um cenário de baixas emissões, caso consigamos reverter a situação.

“Quanto mais se aproxima do equador, há cada vez menos boas correspondências para climas em locais como a América Central, sul da Flórida e norte da África,” adverte Fitzpatrick. “Não há nenhum lugar na Terra representativo do que esses locais serão no futuro.”

Cerca de 40% da população global vive nessas regiões equatoriais. São mais de 3,3 mil milhões de pessoas que enfrentam um clima mais extremo do que qualquer lugar habitado actualmente. Alguns investigadores temem que partes dos trópicos possam tornar-se inabitáveis, uma vez que há um limite para o calor e a humidade que os nossos corpos podem suportar.

Com temperaturas a ultrapassar os extremos previstos no ano passado e sem sinais de que governos e indústrias estejam a tomar medidas significativas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis que causam o problema, é cada vez mais provável que enfrentemos os cenários mais extremos delineados no mapa.

ovilaverdense@gmail.com

 

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