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Seis mortos e outras 15 pessoas atingidas a tiro em Moçambique

Pelo menos seis pessoas morreram e 15 foram feridas a tiro na segunda-feira em Moçambique, no primeiro de três dias de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, segundo atualização feita esta terça-feira pela plataforma eleitoral Decide.

De acordo com o balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, registaram-se três vítimas mortais na Zambézia, centro do país, e três em Inhambane, no sul, elevando para 300 o número de mortos nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro.

Segundo a Decide, neste primeiro dia de novas manifestações, marcado pela tomada de posse, em Maputo, dos deputados eleitos a 9 de outubro à Assembleia da República, registaram-se ainda sete casos de pessoas feridas a tiro na Zambézia, três em Inhambane, quatro na cidade de Maputo e um na província de Maputo (sul).

Desde o início das manifestações de contestação aos resultados eleitorais, convocadas por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados, já foram baleadas 613 pessoas, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, bem como pelo menos 4220 pessoas foram detidas, duas na segunda-feira, na cidade de Maputo.

Venâncio Mondlane apresentou no domingo disponibilidade para uma “pacificação nacional”, exigindo algumas medidas para participar no diálogo político, visando pôr fim à tensão pós-eleitoral.

“O que quero trazer agora é que tem de haver medidas concretas, que a população sinta no seu dia-a-dia que este diálogo também está a lembrar-se dela. A minha proposta foi o compromisso nacional de construção de três milhões de casas para jovens em cinco anos, uma verba até 600 milhões de dólares [585 milhões de euros] para as pequenas e médias empresas que sofreram durante o período das manifestações”, declarou Venâncio Mondlane, indicando que as medidas devem ser transformadas em lei.

Além da libertação dos cerca de cinco mil detidos durante as manifestações de contestação dos resultados eleitorais – segundo afirma – Mondlane pediu a aprovação, numa lei ou resolução parlamentar, de um compromisso do Governo para a criação de uma linha de financiamento de até 500 milhões de dólares (488 milhões de euros) para micro e pequenas empresas de jovens e de mulheres, em cinco anos.

Na sua intervenção, Mondlane apelou igualmente ao tratamento médico e medicamentoso gratuito para todos os que foram feridos durante os protestos assim como a compensação financeira para aqueles que perderam familiares.

“Se isto for feito com estas medidas, eu, Venâncio, sinto que temos uma boa plataforma para iniciarmos em Moçambique um processo de reconciliação, de pacificação”, disse, afirmando que quer “o bem-estar do povo”.

Venâncio Mondlane apelou no sábado a três dias de paralisação em Moçambique a partir de segunda-feira e a “manifestações pacíficas” durante a posse dos deputados no parlamento e do novo Presidente moçambicano, contestando o processo eleitoral.

“Chegou a hora de vocês demonstrarem a vossa própria iniciativa”, afirmou, numa intervenção em direto a partir da sua conta oficial na rede social Facebook, aludindo às cerimónias de posse agendadas para segunda-feira, dos 250 deputados, e para quarta-feira, do Presidente da República, Daniel Chapo.

“Estes três dias são cruciais para a nossa vida. Temos de demonstrar que o povo é que manda. Manifestações pacíficas. Das 8 horas às 17 horas [menos duas horas em Lisboa] é suficiente, contra os traidores do povo, na segunda-feira, e contra os ladrões do povo, na quarta-feira”, afirmou.

Venâncio Mondlane regressou a Moçambique na quinta-feira, após dois meses e meio no exterior, alegando questões de segurança, e insiste em não reconhecer os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, em que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) elegeu Daniel Chapo, manteve a maioria dos deputados na Assembleia da República e garantiu todos os governadores de província.

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