Dos cerca de 31% dos associados da Associação Comercial de Braga (ACB) que recorreram às linhas de crédito anunciadas pelo Governo apenas 1,6% receberam o respectivo financiamento e outros 10% foram recusados, conclui um inquérito realizado pela aquela entidade, que agrega empresas de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde.
Realizado entre os dias 6 e 8 deste mês, através de formulário electrónico de preenchimento anónimo, o levantamento mostra ainda que 64,1% ainda se encontram em processo de análise do banco ou da sociedade de garantia mútua e 23,4% têm os processos aprovados, mas a aguardar a realização da transferência bancária.
“Anunciadas como uma das principais medidas de apoio à tesouraria das empresas, as linhas de crédito tardam em assumir-se como uma resposta efectiva”, conclui a ACB, presidida pelo empresário Domingos Barbosa.
Já quanto às moratórias, medida menos concorrida pelos associados ACB, apenas 22% das empresas recorreu a este mecanismo. Cerca de 72% dos pedidos apresentados foram aceites, 15% aguardam decisão e 13% foram recusados.
“À semelhança das moratórias bancárias – curiosamente cuja tramitação é mais simplificada- também a moratória do pagamento do arrendamento comercial não foi alvo de grande procura por parte das empresas”, afirma a associação, adianto que o inquérito revela que só cerca de 26% confirmaram ter recorrido à medida.
“Neste âmbito, a maior parte das empresas cujas instalações são arrendadas preferiram tentar negociar com os proprietários uma diminuição da renda do que protelar o pagamento das rendas”, conclui a ACB.
SALÁRIOS E LAY-OFF
Cerca de 27% das empresas que, até ao momento de preenchimento do inquérito, ainda não tinha pago os salários do mês de Abril e cerca de 12% apenas tinha pago parcialmente.
Os sectores que registaram mais dificuldades foram os do turismo, 39% das empresas ainda não tinha pago os salários, seguido dos serviços (34%) e do comércio (21%).
Apesar dos compromissos assumidos pelo Governo de liquidar os processos de lay-off até dia 5 de Maio, quase 53% das empresas que se encontram em lay-off ainda não tinha recebido a comparticipação da Segurança Social até ao passado dia 9.
“Este atraso foi um dos principais causadores do não pagamento atempado dos salários do mês de Abril, uma vez que mais de metade das empresas que ainda não haviam liquidados os vencimentos ao pessoal se encontrava, ainda, a aguardar pela comparticipação do Estado”.
Formam cerca de 68% dos associados da ACB a recorrer ao lay-off simplificado e mais de metade destas empresas (56%) vai prorrogar por mais um mês este mecanismo de apoio.
Em sentido contrário, com a reabertura de diversos estabelecimentos, cerca de 21% das empresas que estavam em lay-off referem que não vão prorrogar a suspensão dos contratos de trabalho dos seus trabalhadores.
EMPRESAS ENCERRADAS EM ABRIL
O levantamento revela que durante o mês de Abril, cerca de 62% das empresas associadas da ACB estiverem encerradas, 24% parcialmente encerradas e apenas 14% se mantiverem em pleno funcionamento.
Em termos sectoriais, e em virtude do encerramento dos estabelecimentos determinado pelo Governo durante o período do estado de emergência, 80% das empresas do sector do turismo estiverem encerradas e 20% parcialmente encerradas.
No comércio e serviços, a percentagem de empresas encerradas rondou os 58% e 56%, respectivamente. Já, no caso da indústria, 63% das empresas mantiveram-se em pleno funcionamento e 25% a funcionar de forma parcial.
VOLUME DE NEGÓCIOS
Em termos de volume de negócios, durante o mês de abril, 90% das empresas tiveram uma redução de vendas face ao período homólogo. Os sectores mais penalizados foram os do ‘alojamento e restauração’ com 98% das empresas a registar quebras de vendas, seguido do comércio (89%) e dos serviços (88%).
Em contraponto, o sector industrial foi o que tem mostrou mais resiliência à crise, mas, mesmo assim, 63% das empresas registaram uma diminuição do volume de negócios.
FLEXIBILIZAÇÃO FISCAL
O recurso às medidas de carácter fiscal e contributiva foi utilizado por 41,5% das empresas, nomeadamente para o pagamento prestacional de IVA (em 75% dos casos) e da TSU (em 60% dos casos).