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Tesla, Levi’s e Neflix. Boicotes aos produtos americanos aumentam no Canadá e na Europa

Desmarcar férias nos Estados Unidos, colar um autocolante no Tesla a chamar “louco” a Elon Musk, mudar de pasta de dentes, dizer ‘adeus’ às séries da Netflix, às calças da Levis ou ao Jack Daniel’s. O boicote está a globalizar-se e já há sinais de que esteja a chegar a Portugal.

O apelo ao consumo local e à rejeição de produtos norte-americanos ganha várias formas, desde grupos nas redes sociais a apps que ajudam a identificar a origem dos artigos quando vamos ao supermercado. Até há quem marque os produtos europeus para ser mais fácil os consumidores tomarem as suas decisões.

No Canadá e em vários países europeus, como a Suécia, a Dinamarca e França, os consumidores e empresas procuram formas inovadoras de se manifestar contra as tarifas impostas por Donald Trump ou algumas das suas políticas, como a sua aproximação do Kremlin e afastamento da Ucrânia.

O Canadá tem sido alvo de uma grande pressão económica por parte dos Estados Unidos, com Trump a sugerir, inclusive, que o país deveria tornar-se no 51.º estado norte-americano. Foram impostas taxas de 25% sobre as importações da maioria dos produtos canadianos.

Como resposta, os canadianos começaram a cancelar férias e viagens a sul da fronteira e a banir certos produtos de origem norte-americana dos supermercados. É o caso das bebidas alcoólicas que várias províncias, como Ontário (a mais populosa), decidiram banir.

“Dado que as marcas americanas deixarão de estar disponíveis no catálogo da Liquid Control Board of Ontario (LCBO), o grossista exclusivo [de bebidas alcoólicas], outros retalhistas, bares e restaurantes da província deixarão de poder reabastecer-se de produtos americanos”, afirmou Doug Ford, político responsável pela província de Ontário.

Por outro lado, alguns canadianos estão a mudar os hábitos de compras de supermercado, apostando em produtos produzidos no próprio país. Foram criadas uma série de aplicações móveis, como a ‘Buy Beaver: Canadian Scanner’, ‘Maple Scan: Buy Canadian’, que ajudam os consumidores a identificar a origem dos artigos.

“Não há nada que eu possa fazer em relação a este pântano em que nos encontramos politicamente com o regime do lado”, disse Ken Lima-Coelho, residente em Calgary, à Reuters. “Mas posso mudar a pasta de dentes que costumo comprar… E isso dá-nos algo para fazer enquanto esperamos que os nossos líderes políticos e empresariais resolvam isto.”

O número de canadianos a viajar de carro para os Estados Unidos caiu 23% em relação a fevereiro de 2024, indicam dados da Statistics Canada.

O movimento de boicote também é visível na Europa, antiga aliada económica dos Estados Unidos da América. Contudo, rapidamente passou a ser olhada como adversária, com a entrada em vigor, a 12 de março, de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. Além da União Europeia, a medida também afeta o Canadá, a China, a Austrália e o Brasil.

Um supermercado começou a colar estrelas negras nos produtos europeus para facilitar o boicote.

Uma vez que o aço e o alumínio são bens de investimento, as mudanças nas tarifas vão ter impacto nas indústrias da “construção, equipamentos, automóveis”, entre outras, defende o economista João Duque à Renascença. E podem assim influenciar os preços da habitação.

Com RR

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