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Tribunal de Braga julga casal que asfixiou mulher com pano embebido em lixívia num apartamento do Fujacal

O Tribunal de Braga começa a julgar em Setembro um casal, Júlio Pereira de Araújo e Maria Helena Gomes, que, em Novembro de 2020, asfixiou uma mulher de 69 anos, Maria da Graça Ferreira, quando esta dormia, depois de a terem convencido a tomar um comprimido para descansar, num apartamento do bairro do Fujacal.

Para a matar, um deles pôs-se em cima dela e, com uma toalha embebida em lixívia, tapou-lhe a boca e o nariz para a impedir de respirar. Tudo por causa de um testamento.

Uma sobrinha da vítima, que pede 115 mil euros de indemnização, diz, no processo, que, na noite de 2 de Novembro, o ato de “esganamento” durou dez minutos, período em que a vítima se debateu, esperneando e lutando, para tentar evitar a morte.

A autópsia revelou que a falecida, além de lesões pulmonares, tinha equimoses no corpo, na cabeça, no pescoço, na face e nos braços.

HOMICÍDIO QUALIFICADO

Júlio Araújo, de 52 anos, e Helena Gomes, de 49, estão pronunciados por homicídio qualificado, profanação de cadáver e burla informática.

Na acusação, o Ministério Público diz que a vítima namorava com Júlio, embora este, sem que ela o soubesse, vivesse maritalmente, há oito anos, com a outra arguida, naquele bairro.

Maria da Graça havia feito um testamento a favor de Júlio, deixando-lhe os bens, um apartamento e dinheiro, mas, como a relação se começou a deteriorar, estava a pensar, e já o anunciara, anular o documento e fazer outro a favor da sobrinha.

Sabendo de tal intenção, o arguido gizou um plano para os dois a matarem, quando ela fosse lá dormir, o que acontecia amiúde por ela não desconfiar que ele vivia com a outra mulher.

CADÁVER EM CASA

Depois de a assassinarem, Júlio foi ao multibanco e levantou 200 euros, tendo dado 100 à companheira. Esta ficou, também, com um fio com um crucifixo e com um anel, ambos de ouro.

O cadáver ficou na cama, mas, como começou a exalar maus cheiros, Helena foi à garagem e trouxe dois sacos de plástico grandes, de cor preta. Vestiram-na, embrulharam o corpo num lençol e fecharam os sacos com atacadores.

Na madrugada seguinte, meteram-na na mala do carro e foram até Montélios, deixando o cadáver no caminho da Geira e dos Arrieiros, perto do apartamento onde a vítima residia.

Tiraram o lençol e os atacadores, que atiraram para um campo vizinho e puseram a mala de mão junto ao corpo. Que viria a ser descoberto logo pela manhã por transeuntes.

APAGAR VESTÍGIOS

De seguida, foram lavar o carro, por dentro e por fora, para apagar vestígios.

No dia seguinte, a PJ/Braga entrou na casa do Fujacal e encontrou vestígios abundantes do crime: o telemóvel de Maria da Graça, objectos pessoais e uma cópia do testamento que fizera a favor do “namorado”. E um frasco aberto com lixívia. Isto para além de vestígios de ADN.

Levados ao juiz, Maria Helena confessou o crime, mas ele negou.

O julgamento terá 20 testemunhas, entre as quais quatro agentes da PJ de Braga e dois peritos do Tribunal.

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