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União Europeia acusa Moscovo de “terrorismo patrocinado pelo Estado” contra a Europa

A União Europeia (UE) denunciou a Rússia por alegadamente estar a conduzir uma campanha de “terrorismo patrocinado pelo Estado” contra a Europa, através da disseminação de desinformação, ataques cibernéticos e a
recrutamento de agentes para sabotagem.

A acusação foi feita pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, esta quarta-feira, na sequência de uma investigação jornalística que revelou um esquema organizado por grupos ligados ao Kremlin.

Uma investigação conduzida por vários meios de comunicação europeus revelou que grupos de hackers e activistas pró-russos estavam a recrutar indivíduos através da rede social Telegram para levar a cabo actos de sabotagem e desestabilização no continente europeu.

Os jornalistas envolvidos no inquérito receberam directamente pedidos para realizar várias acções de vandalismo, incluindo a colagem de autocolantes anti- NATO no quarteirão europeu, bem como a recolha de endereços de email de 30 jornalistas belgas identificados como simpatizantes da causa ucraniana.

Em troca, eram prometidos pagamentos em criptomoedas. Kaja Kallas reagiu de imediato, afirmando que “esta é a guerra que está a ser travada nas sombras”. A diplomata europeia sublinhou ainda que estas tácticas são parte de uma estratégia maior, que envolve ataques informáticos, espionagem, vandalismo direccionado e a sabotagem de infra-estruturas críticas, como cabos submarinos e sistemas de GPS. “Estes ataques contra nós estão a aumentar”, alertou Kallas.

REFORÇO DE DEFESAS

Nos últimos meses, a UE e a NATO intensificaram os seus esforços para mitigar estas ameaças híbridas. O alerta das autoridades europeias é claro: mesmo que Moscovo e Kyiv cheguem a um cessar-fogo, a guerra clandestina conduzida pelo Kremlin contra a Europa continuará.

James Appathurai, subsecretário-geral adjunto da NATO para a Inovação, Ameaças Híbridas e Cibersegurança, reforçou essa posição. Em declarações à imprensa, afirmou estar “absolutamente convencido” de que os ataques cibernéticos não vão cessar, mesmo que se estabeleça uma trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

“Os nossos adversários não podem atacar-nos militarmente e não tencionam fazê-lo, mas estão frustrados e
querem concretizar as suas ambições de outras formas”, afirmou.

MOSCOVO E TEERÃO SOB SUSPEITA

Kallas não se limitou a apontar o dedo à Rússia. Na sua intervenção, destacou também o envolvimento do Irão em actividades de desestabilização na Europa, alertando para a crescente colaboração entre Moscovo e Teerão nestas operações clandestinas.

A crescente pressão internacional sobre a Rússia não parece travar o uso de métodos não convencionais para influenciar a política europeia e enfraquecer o apoio à Ucrânia.

O alerta das autoridades europeias sublinha a necessidade de uma resposta coordenada e eficaz para combater esta nova forma de guerra, que se desenrola longe dos campos de batalha tradicionais, mas com consequências potencialmente devastadoras para a segurança do continente.

ovilaverdense@gmail.com

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