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Utentes das IPSS de Braga transformam desperdícios têxteis em sacos reutilizáveis

“Pequenas ideias que se transformam em grandes projectos sociais e ambientais”. Assim se pode resumir o ‘re.store’, um projecto que transforma os desperdícios dos processos de produção das empresas do sector têxtil, em sacos de compras produzidos por associações e instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Uma iniciativa que, além de fomentar a economia circular e a inclusão social, contribui para a sustentabilidade económica das instituições.

A ideia, explicou Altino Bessa, surgiu de uma visita à IRIS – Instituto de Reabilitação e Integração Social, com sede em Braga, e tornou-se num projecto único e que já está a ganhar dimensão nacional.

“Durante essa visita, deparei que a IRIS produzia sacos através dos panos de guarda-chuvas inutilizados. Como durante a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, uma das acções do município de Braga é dar sacos reutilizáveis aos comerciantes, colocou-se a hipótese de esses sacos serem produzidos pela IRIS.

“No entanto, havia a necessidade de encontrar material suficiente e contactei a Sílvia Correia, da Creative Zone, na esperança que indicasse uma fábrica que fornecesse restos de material. A partir daí, as ideias começaram a fervilhar e o projecto a fluir”, contou Altino Bessa, durante o lançamento do projecto que decorreu esta quinta-feira, nas instalações da IRIS, em Braga.

Agora, o objectivo é captar mais instituições de solidariedade com capacidade de aderirem a este projecto que “é um bom exemplo de como deve funcionar a economia circular”.

Uma vez que já existe um acordo com a Associação Nacional de Farmácias, “o projecto tem de ter capacidade de dar resposta a um número significativo de encomendas. Para isso, queremos criar uma bolsa de parceiros sociais e desafiamos todas as instituições a aderirem a este projecto que pode ter um grande impacto na sustentabilidade económica destas instituições”, referiu Altino Bessa, explicando que o valor de cada saco produzido representa 1 euro para instituição e deu como exemplo o caso da IRIS que garantiu 1000 euros com duas encomendas: uma de 500 sacos para um grupo farmacêutico de Sesimbra e outra, também de 500, para a própria re.store vender nos seus canais de distribuição.

“Um valor muito significativo para esta instituição e, certamente, será para todas as IPSS”, atirou.

TRABALHAR AFECTOS

 Uma das virtudes do ‘re.sotre’, prende-se com o facto de os sacos serem totalmente produzidos pelos utentes das instituições, para além de permitir cumprir os pressupostos da economia circular como reciclar, reutilizar e reduzir. O material chega às instituições e estas apenas têm que juntar as peças, coser todas as partes e cada saco é único.

Eduarda Queirós, presidente da IRIS, lembrou a importância deste projecto para a instituição e para os utentes.

“Com a implementação deste projecto os utentes têm uma ocupação do seu tempo e sentem-se entusiasmados em contribuir para a sociedade e para a instituição, ao mesmo tempo que desenvolvem as suas capacidades. Estamos a trabalhar afectos e sentimentos e isso é algo que nos deixa extremamente satisfeitos”, garantiu.

Além do tecido dos produtos ser reutilizado a partir dos desperdícios dos processos de produção de empresas de têxteis-lar, da etiqueta da marca ser feita com fios de poliéster reciclados e as etiquetas são impressas em tecido de algodão 100% orgânico, assim como as alças.

No entanto, existe outra particularidade, não menos importante. Cada saco contem uma etiqueta feita a partir de desperdícios de algodão à qual são acrescentadas sementes. Desta forma, após a sua leitura, esta pode ser plantada num vaso e, passados 20 dias, nasce uma planta que corresponde à semente colocada na etiqueta.

“Esta é a verdadeira economia circular, amiga do ambiente, que envolve desperdícios, IPSS, empresas, onde todos contribuem e todos ganham”, concluiu Altino Bessa.

As instituições interessadas em aderir ao projecto podem fazê-lo através do site https://www.restorebycz.com

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