A vereadora da Câmara de Ponte da Barca Fernanda Marques (PSD) renunciou aos pelouros que possuía na autarquia, alegando «falta de confiança», mas mostrou intenção de cumprir o mandato até ao fim.
Fernanda Marques detinha os pelouros da Educação, Apoio Social, Arquivo Municipal, Toponímia, Transportes, Lazer e Tempos Livres.
Entrou para o executivo em 2019, para substituir José António Ribeiro da Costa, que pediu suspensão de mandato e que acabou por renunciar ao cargo.
«Durante todo este tempo dei o benefício da dúvida com a esperança de que as decisões iriam deixar de ser unipessoais, passariam a ser discutidas por toda uma equipa, o que nunca aconteceu, bem pelo contrário», escreveu no “Facebook”.
Na publicação, refere que continuará a cumprir o mandato até ao fim, «mas sem pelouros e sem regime de permanência».
«Sem hesitar, em sede de reunião de Câmara, aprovarei todas as medidas benéficas para o concelho, mas também serei vigilante para com as que suscitem dúvidas e que não estavam previstas no programa eleitoral de 2017 sufragado pela maioria dos barquenses», refere.
Fernanda Marques considera que «neste projecto faltou a confiança mínima que deveria ter sido máxima, escasseou a comunicação e a união era só aparente».
TENSÃO LATENTE
A Câmara de Ponte da Barca é liderada por Augusto Marinho, do PSD, que em 2017 venceu as Eleições Autárquicas com maioria absoluta.
Os problemas internos no executivo começaram a ser públicos em 2018, quando a vice-presidente, Maria José Gonçalves, decidiu abster-se da votação do Orçamento Municipal, alegando não ter sido ouvida.
Meses depois, o presidente da autarquia retirou-lhe a vice-presidência e todos os pelouros.
O Orçamento Municipal para 2019 foi viabilizado por um dos três vereadores eleito pelo PS, Inocêncio Araújo, que passou a vereador a meio tempo.
Em Dezembro passado, o Orçamento para 2021 foi aprovado com o voto de qualidade do presidente, após empate na votação do documento, tendo a vereadora Fernanda Marques optado pela abstenção, enquanto Maria José Gonçalves votou contra.
Mais recentemente, a autarquia aprovou, por maioria, uma proposta dos vereadores do PS para a avocação de competências a Augusto Marinho relativamente a processos de licenciamentos e de contratação pública superior a 750 mil euros.
A avocação de competências foi aprovada com os votos de dois dos três vereadores do PS, Pedro Sousa Lobo e Ricardo Armada, da vereadora social-democrata Fernanda Marques (um dos quatro elementos da maioria PSD) e Maria José Gonçalves.