A Câmara de Vila Verde manifestou, esta quarta-feira, «enorme desilusão» tendo em conta o Plano de Recuperação e Resiliência colocado pelo Governo de Portugal a consulta pública, «na medida em que o mesmo não contempla qualquer investimento estruturante para o desenvolvimento do concelho».
«Este Plano, que se insere no âmbito da Estratégia Portugal 2030, consubstanciando um documento estratégico para as opções estruturais de Portugal ao longo da década em curso, no plano teórico, devia ter em vista a realização de reformas que ajudassem o país a sair da crise pandémica com boas perspectivas de crescimento económico e, assim, assegurar um futuro resiliente para todo o território nacional», refere a autarquia.
Em comunicado, o executivo liderado por António Vilela lembra que «a chamada “bazuca”, que prevê que Portugal poderá aceder a um envelope financeiro sem precedentes em períodos idênticos, destina-se a que todos os Estados-Membros usufruam de apoios e de estratégias susceptíveis de alavancar a recuperação económica da mais grave depressão que a União Europeia alguma vez teve que enfrentar».
«Um dos grandes desígnios deste plano é promover a competitividade e a coesão territorial, no entanto e paradoxalmente, não prevê que territórios de baixa densidade, como Vila Verde, beneficiem de investimentos que representem uma verdadeira aposta na recuperação económica e no combate às assimetrias que se acentuam neste período de profunda crise em que Portugal, a Europa e o mundo se encontram mergulhados», afirma.
A autarquia lembra que «há já vários anos» que «reivindica a construção de vias estruturantes, como a variante à sede concelhia, de crucial importância para melhorar a fluidez do intenso tráfego que diariamente percorre a EM 101 e que se encontra a braços com sérios e constrangedores congestionamentos, particularmente nas denominadas horas de ponta».
O Município vilaverdense sublinha a «imperiosa necessidade de melhorar a acessibilidade e a mobilidade no eixo urbano da sede do concelho e no núcleo urbano da Vila de Prado e a sua articulação como as respectivas áreas de acolhimento empresariais, Gême e Oleiros, respectivamente, situação que implica, inevitavelmente, a construção de uma Variante à EN 101 e à EN 205».
«OPORTUNIDADE PERDIDA»
Por isso mesmo, o autarca António Vilela diz que não compreende «como pode um Plano de Recuperação e Resiliência que tem em vista a criação de efectivas condições para a revitalização económica do país e sobretudo ajudar os sectores e os territórios numa situação de maior fragilidade, agravada pelo actual contexto de pandemia e de elevada paralisia económica, voltar a privar Vila Verde da possibilidade única de ver realizados, no seu território, investimentos absolutamente determinantes para o crescimento económico e para a melhoria das condições de vida da população».
Para o edil, esta é uma «oportunidade perdida em resultado de uma orientação política centralista e discriminatória dos municípios de menores dimensões».
«É urgente criar as condições essenciais para mitigar as assimetrias locais e regionais, pois esta é a única forma de se ultrapassar uma certa lateralidade de Vila Verde face aos grandes centros urbanos e ver, assim, elevados os seus níveis de atractividade e competitividade», assegura.
COESÃO TERRITORIAL
No comunicado, o presidente da Câmara de Vila Verde refere que o Plano de Recuperação e Resiliência «pretende assegurar um território simultaneamente competitivo e coeso, através da promoção de investimento em infra-estruturas rodoviárias transfronteiriças e de ligação às redes principais (missing links) bem como em áreas de acolhimento empresarial».
«A quarta agenda temática assenta no reforço da coesão territorial, contribuindo para um desenvolvimento harmonioso do conjunto do território nacional e, em especial, para a redução da disparidade entre os níveis de desenvolvimento das diversas regiões, em particular das regiões mais desfavorecidas», lembra.
Por isso, António Vilela lembra as palavras do Primeiro-Ministro, , que afirmou que a bazuca é «a vitamina que nos vai ajudar a sair da crise».
«[António Costa] não estava, certamente, a pensar na exclusão daqueles territórios que, pela sua menor dimensão e centralidade, de maior ajuda necessitam, pelo que se impõe um outro olhar sobre o Portugal profundo e, enquanto é tempo, uma substancial canalização de verbas para projectos que verdadeiramente alavanquem o crescimento regional e local, como é o caso da Variante à sede concelhia, uma via incontornável para o desenvolvimento económico do concelho de Vila Verde, pois só assim conseguiremos construir “um Portugal mais justo e resiliente, mais sustentável e mais competitivo”, conforme prevê o documento», remata.