O restaurante Torres, em Ponte S. Vicente, acolheu na noite desta quinta-feira – em parceria com a Câmara Municipal de Vila Verde e a Associação Empresarial de Braga (AEB) – um “Jantar das Cabidelas”. A iniciativa, inserida no programa da “Ordem da Cabidela”, deu a provar aos presentes uma verdadeira simbiose de aromas e sabores que deliciaram aqueles que tiveram oportunidade de provar um prato que suspira tradições e encanta os paladares mais diversos. Do conhecido e bem minhoto frango, a iguaria ganhou forma com outros ingredientes, desde favas, pombo, vitela ou javali.
Foram muitos os que acorreram – e de vários pontos do País – ao restaurante situado em Vila Verde, que desde as 19h30 abriu portas e permitiu que os muitos “gulosos” pudessem começar a “aguçar o paladar”. De seguida, teve início um período de degustação das cabidelas preparadas pelos Chef’s António Bóia (empadinha de cabidela de galo), António Loureiro (cabidela de pombo), José Vinagre (harmonização do pica, da cabidela e dos legumes), Carlos Torres (cabidela de vitela), José Júlio (cabidela de favas) e Martinho Freitas (cabidela de pica-no-chão). Os primeiros “mimos” estiveram à disposição e os amantes da iguaria responderam afirmativamente à chamada, acorrendo às mesas deliciando-se com o “repasto”.
No decorrer da degustação e antecedendo o “jantar sentado”, teve início a cerimónia de entronização dos ”Cavaleiros da Ordem da Cabidela”, um movimento criado em 2016 pelas “Edições do Gosto” para amantes deste prato tradicional português emblemático e sujeito a muitas interpretações.
Na parte final e de “barriga cheia”, uma cabidela de letras pelas vozes de Augusto Canário e Cândido Miranda animou ainda mais a noite dos presentes.
«HOJE EM DIA, SE ALGUÉM GOSTAR DE PICA-NO-CHÃO VEM AO CONCELHO»
Em declarações ao “Vilaverdense”, a Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Júlia Fernandes, começou por destacar o papel do restaurante Torres na «promoção da gastronomia» e a importância da iniciativa e da “Cabidela”, um prato já certificado no âmbito de uma candidatura a fundos comunitários a que o Município concorreu em parceira com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), auscultando, como não poderia deixar de ser, os verdadeiros “guardiões” das receitas, os restaurantes.
«Temos vindo a trilhar um caminho relativamente ao pica-no-chão. Somos a capital do pica-no-chão e certificamos esta iguaria numa candidatura realizada já no ano passado. Nos fins-de-semana gastronómicos, por exemplo, promovemos sempre este prato em todos os restaurantes aderentes. Há já muitos anos que o Município vai trabalhando esta marca. Marcámos aqui presença com muito orgulho, rodeados por um conjunto de estrelas, de Chef’s fantásticos. É um grande motivo de orgulho, pois Vila Verde é a capital nacional da cabidela de pica-no-chão e é importante posicionar-mo-nos no que toca à gastronomia. Todas estas iniciativas em Vila Verde acabam por atrair ao território cada vez mais pessoas que procuram locais para degustar e hoje em dia, se alguém disser que gostava de comer um pica-no-chão vem ao Concelho. É esta a imagem e associação que queremos que se faça, muito por força deste trabalho feito pelo restaurante Torres e muitos outros e por este conjunto de personalidades».
«MAIS UM MARCO NA HISTÓRIA DO RESTAURANTE E UM VERDADEIRO DESAFIO»
Fernando Torres, proprietário do estabelecimento anfitrião, classificou a iniciativa como «mais um marco» na história do restaurante e que esta se mostrou ser um «verdadeiro desafio» pelas propostas de confecção apresentadas com base na “Cabidela”.
«É claramente mais um marco para esta casa e ainda para mais sendo Vila Verde a capital do pica-no-chão. É de enorme importância para o restaurante mas não só. É, sim, para todos os restaurantes e produtores locais. Trazer um evento destes, de dimensão nacional, é um orgulho, e neste momento não é o restaurante Torres que está de parabéns, mas sim todo o Minho. Fomos nós a trazer, mas poderia ter sido um colega nosso. Acho que é importante haver estes eventos e momentos que puxam para aqui as pessoas», disse Fernando Torres, acrescentando que o que o levou a aceitar o desafio foi o facto de poder «provar e dar a provar várias cabidelas».
«A cabidela não é obrigatoriamente um prato de frango, pode ser de vários produtos e a prova disso mesmo é que temos aqui cabidela de favas, pombo, vitela, javali e frango. A cabidela é um prato que se usa no País todo e as receitas, efectivamente, não são todas iguais. Ter cá Chef’s do Alentejo, Algarve, Lisboa, Trás-os-Montes, Porto e Braga foi, de facto, um desafio», frisou.
E para terminar, a receita: «A cabidela é mais um prato da rica gastronomia portuguesa. Como se faz? Com um bom produto e com muito amor e carinho a cozinhar. São estes os ingredientes», concluiu.
«INICIATIVA DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA A REGIÃO E PARA O SECTR DA RESTAURAÇÃO»
Já do lado da Associação Empresarial de Braga, Domingos Barbosa descreveu tratar-se de uma iniciativa «de grande importância para a região e para o sector da restauração».
«É de enaltecer o restaurante e família Torres que muito têm feito pela gastronomia, elevando os níveis de atração do território, não só de Vila Verde como de toda a região. Estamos muito satisfeitos por aparecerem empresas motivadas para engrandecimento dos territórios, ainda para mais, como é o caso, promovendo uma alimentação de alta qualidade, bem própria deste restaurante, que sempre se posicionou como uma locomotiva do sector, levando o nome da região a todo o País e além fronteiras. Uma instituição como a nossa que representa os empresários só se pode dar por muito satisfeita por ter associados desta estirpe e que ajudam a promover toda a dinâmica económica da região», afirmou.