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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (76). O Alentejo vibrou com a presença de Nossa Senhora de Fátima

Por Salvador de Sousa

A Imagem de Nossa Senhora de Fátima, encomendada por Gilberto Fernandes de Torres Vedras à Casa Fânzeres de Braga, em 1919, obra de José Ferreira Thedim, colocada na Capela das Aparições, no dia 13 de junho de 1920, saiu do Seu “Trono” apenas 12 vezes já enumeradas numa das minhas crónicas já publicadas.

Estas peregrinações, que vou partilhando, fazem parte dessas doze saídas, mormente esta ao Alentejo e ao Algarve, fazendo rejubilar tantos povos do Sul de Portugal. Em Torres Novas, tal como noutras localidades, a receção a Nossa Senhora foi apoteótica com os oficiais e soldados milicianos, autoridades civis, o clero e o povo a receberem, no quartel, a Imagem, ficando na capela de Santo António. No momento em que se aproximava da ermida, algumas pombas, que vinham no andor, esvoaçaram, bem alto e por grandes distâncias, regressando todas aos pés da Virgem, causando estupefação aos presentes.

Esteve ali presente o Dr. Francisco Rodrigues da Cruz, o amado e conhecido Santo Padre Cruz, grande devoto mariano, a quem se deve a conversão do filósofo Leornardo Coimbra, um dia antes da sua morte num acidente de automóvel. Na sua deslocação a Fátima para ajudar o pároco, confessou e deu a primeira Comunhão, em 1913, à Lúcia de Jesus, sendo ele a responsabilizar-se, perante o pároco, após um interrogatório catequético, por esse ato, pois a Lúcia estava triste e chorava por não ter a idade para receber, pela primeira vez, a Hóstia Consagrada. Visitou, mais tarde, o local das aparições na companhia dos três pastorinhos com quem rezou o Santo Rosário.

Em Alcácer do Sal, o Sr. Presidente da Câmara leu a consagração do concelho ao Imaculado Coração de Maria, descerrando uma lápide comemorativa no “ frontispício da Domus Municipalis – antiga Igreja do Espírito Santo – ao lado de outra que foi mandada colocar por D. João IV, relativa à Imaculada Conceição de Maria.”

A primeira terra de Beja, em 1947, a acolher a Imagem foi Grândola que a recebeu com uma enorme manifestação de carinho ao ponto de o Cónego Carlos de Azevedo, autor e presente nestas romagens, ouvir de uma senhora: «Que grande deve ser esta santa!»

Em Santiago de Cacém, os sacerdotes, que de Braga tinham ido pregar no Alentejo, celebraram, como preparação para a chegada da Virgem, uma missa solene em rito bracarense.

Nesta terra, um vendedor de estampas entrou numa loja em que o proprietário era adverso à religião, repelindo-o imediatamente com palavras e agressões físicas. No momento em que passou a Imagem da Virgem, em frente da sua loja, arrependido, incorpora-se na peregrinação, tendo, posteriormente, ajoelhado aos pés de um sacerdote a pedir perdão pelo ato injusto que tinha praticado.

Sines, terra natal de Vasco da Gama, onde existe uma capela gótica com a imagem de Nossa Senhora de Sales, doada por este grande navegador, os habitantes ofereceram uma caravela de prata, em filigrana, apesar do seu afastamento da prática religiosa. Dos 10.000 habitantes que, na altura, o concelho tinha, apenas 300 frequentavam, estando sem pároco há mais de 30 anos, mas Nossa Senhora de Fátima foi iluminar aquelas mentes que vibraram com a Sua presença.

Em todo o Alentejo se viveu um ambiente de milagre: um descrente, personalidade importante em Ourique, desabafou: «Não sei o que se passa em mim! Isto é alguma coisa muito superior a tudo!». Em Alvito, um homem perseguidor da Igreja e que ameaçava o pároco constantemente, ao ver chegar o andor de Nossa Senhora, entrou na sacristia e de joelhos pediu-lhe perdão.

Foi assim em todos os concelhos do Alentejo por onde a imagem peregrinou, relatado por quem, na altura, presenciou todas estas manifestações de júbilo e de muita fé a Nossa Senhora de Fátima.

No dia 12 de dezembro, Évora recebe novamente a Imagem na sua Catedral para, no dia 13, após a celebração de um “soleníssimo Te Deum, praticamente terminar a peregrinação pelo Alentejo. Algarve não estava nos planos desta peregrinação, mas o prelado, D. Marcelino António Maria Franco, pediu ao Bispo de Leiria para que tal fosse feito e assim aconteceu.

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História…

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