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UMinho demostra que olhos revelam alterações cognitivas nos doentes de esclerose múltipla

Uma equipa da Universidade do Minho (UMinho) demonstrou pela primeira vez que os movimentos dos olhos podem revelar alterações cognitivas em pessoas com esclerose múltipla.

A UMinho revelou que, os resultados do trabalho, publicado na revista científica norte-americana PeerJ, “podem influenciar a escolha de novos tratamentos e as técnicas de acompanhamento da progressão da doença”.

O adágio popular ‘Os olhos são a janela da mente’ parece ter alguma base científica. Os investigadores concluíram no estudo que, “os portadores de esclerose múltipla têm problemas a realizar os movimentos mais comuns do olho, ou seja, quando o olho muda rapidamente em direção a algo específico”.

Na prática, – acrescenta a Universidade – “as pessoas diagnosticadas com aquela doença levaram mais tempo a iniciar o movimento ocular e, depois, a fixar com precisão o alvo visual. Por outro lado, ao olharem voluntariamente para outra direção, por exemplo, para o lado esquerdo quando uma luz piscava no lado direito, mostraram mais dificuldades a fazê-lo face a pessoas sem aquela doença”.
A pesquisa mostrou assim que aqueles movimentos oculares são um marcador quantitativo de danos neurais, ao comprometer a capacidade de inibir ou controlar as respostas impulsivas (ou automáticas) da pessoa com esclerose múltipla.

A equipa multidisciplinar da UMinho envolveu o Centro de Física, o Centro de Matemática, o Centro de Biologia Molecular e Ambiental e o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, nomeadamente os cientistas Marisa Borges Ferreira, Paulo Alexandre Pereira, Marta Parreira, Inês Sousa, José Figueiredo, João Cerqueira e António Filipe Macedo, sendo este último também da Universidade de Linnaeus, na Suécia.

A ESCLEROSE MÚLTIPLA

A esclerose múltipla surge quando a cobertura das células nervosas do cérebro e da espinal medula é danificada. Isso pode levar à visão dupla e cegueira num olho, além de comprometer funções coordenadoras gerais como sensibilidade, locomoção, força muscular, audição e excreção. Outra consequência, tida muitas vezes como primeiro indicador da progressão da doença, é o défice cognitivo, ao envolver funções como memória de longo prazo, atenção e controlo do  comportamento e dos impulsos, como recusar comer um bolo numa fase de dieta.

CINCO MIL PORTUGUESES

A doença atinge 5000 a 6000 portugueses (oito casos em cada 10.000), dois terços dos quais são mulheres, e a sua esperança de vida é de menos cinco a dez anos face à média nacional. A patologia ainda sem cura deve-se à combinação de fatores ambientais, genéticos e infeciosos, como faltar vitamina D, contrair o vírus Epstein Barr e ter alguns genes sinalizados. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo às vezes fármacos (para prevenir surtos, proteger o cérebro e a progressão da incapacidade) e, quase sempre, reabilitação (fisioterapia, ginástica, natação, treino cognitivo, atividades sociais, banhos de sol), que pode melhorar significativamente a qualidade de vida do doente.

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