Por Luís Sousa
Médico
A osteoporose traduz-se numa fragilidade óssea secundária à diminuição da sua densidade, conduzindo a um risco aumentado de fraturas, mesmo as que resultam de traumatismos mínimos ou de baixa intensidade. Atinge 10,2% dos adultos com mais de 50 anos prevendo-se que possa aumentar para 13,6% em 2030. Em Portugal, estima-se que esta doença seja responsável por 40 mil casos de fraturas por ano.
Normalmente não dá qualquer sintoma até ao surgimento da fratura que pode ocorrer, como referi, em consequência de traumas mínimos. Por exemplo, não se espera que uma simples queda de uma cadeira conduza a uma fratura da anca num jovem adulto, porém, a mesma queda num indivíduo mais velho, com osteoporose, pode resultar em fratura, daí a importância da prevenção da osteoporose, do seu diagnóstico precoce e consequente tratamento.
As fraturas mais comuns no contexto da osteoporose são as vertebrais, as da anca e do punho, embora possam acontecer em qualquer outro local. Estas fraturas têm, naturalmente, consequências em termos de perda de autonomia e qualidade de vida. Sabemos, por exemplo, que as fraturas da anca podem ser muito debilitantes acarretando um risco de mortalidade a um ano de 24%.
A osteoporose pode atingir tanto homens como mulheres, porém, a sua prevalência é maior nestas últimas, sobretudo após a menopausa. São reconhecidos alguns fatores de risco para osteoporose, como a idade avançada, menopausa antes dos 45 anos, ingestão elevada de álcool, tabagismo, artrite reumatoide, história familiar de fratura da anca nos progenitores, entre outros.
O rastreio da osteoporose faz-se através da realização da densitometria, um exame rápido e indolor que utiliza raio-X em doses baixas e que permite medir a densidade do osso e fazer o diagnóstico. A densitometria é recomendada a todas as mulheres com mais de 65 anos ou nas mulheres na pós-menopausa e com menos de 65 anos que tenham fatores de risco clínicos para fratura osteoporótica.
Como em muitas doenças que conhecemos, a osteoporose é passível de ser prevenida através da adoção de um estilo de vida saudável que permita reduzir a perda de massa óssea que ocorre em todas as pessoas com o avançar dos anos de vida. Recomenda-se, por isso, a ingestão de níveis adequados de cálcio, através do consumo de alimentos ricos neste nutriente, como, por exemplo, o leite, o iogurte, o queijo, espinafres e frutos secos. Importa também moderar a ingestão de bebidas alcoólicas, chá e café.
A vitamina D também é fundamental na prevenção da osteoporose pois é um nutriente importante para a absorção de cálcio ingerido através da dieta. A vitamina D pode ser obtida pela exposição solar (evitando o período entre as 12h e as 16h nos meses de verão e tendo sempre em consideração o risco de queimadura solar) e através da ingestão de alimentos como o salmão, a cavala, a sardinha, o atum, o carapau ou o chicharro. Além disso, são importantes a cessação tabágica e a realização de atividade física como a marcha, a corrida ou a ginástica.
Além de tudo isto, sabendo que as fraturas no contexto da osteoporose ocorrem, normalmente, após uma queda, é sempre importante prevenir as mesmas, particularmente quando falamos nos mais idosos. Isto consegue-se, muitas vezes, com medidas simples como, por exemplo, apostar numa boa iluminação no interior das casas, preferência por calçado com revestimento de borracha e antiderrapante e evicção dos tapetes ou fazendo-os aderir ao chão.