O ‘banho santo’ das crianças e a oferta da galinha e/ou galo preto marcam, mais uma vez, o dia de São Bartolomeu do Mar, no litoral de Esposende. Esta manhã, as crianças voltaram a ser banhadas nas águas agitadas e gélidas do Atlântico para curar várias maleitas.
É uma das romarias mais peculiares da região. Todos os anos, no dia 24 de agosto, realiza-se a Romaria de São Bartolomeu do Mar, o padroeiro da freguesia.
Este ano, por razões sanitárias, não é possível deixar o frango no tradicional “capoeiro” construído para o efeito, junto à Igreja.
A tradição remonta ao século XVI (ano de 1566) e manda que, no dia da romaria, os populares transportem um frango (galinha ou pinto) preto ao colo, dando três voltas à Igreja, passando também, outras tantas vezes, sob o andor. Após a romaria, os populares vão à praia “furar” as ondas num número ímpar de vezes – três, cinco, sete ou nove -, tomando o chamado “Banho Santo”.
O “Banho-Santo” é um dos pontos altos da romaria da terra. A praia enche-se de gente, apesar do frio e da temperatura gelada da água.
Diz a tradição que, após o mergulho das crianças nestas águas gélidas, curam-se os medos, a gaguez, a epilepsia ou a gota. No entanto, e segundo dizem, “têm que ir ao banho antes de completar os sete anos de idade para que a tradição seja cumprida”.
A superstição é antiga e tem origem numa lenda que conta que, precisamente no dia 24 de agosto, o diabo anda à solta, voltando ao mar apenas quando anoitece. Assim, de forma a curar os males e aproveitar as “águas puras”, levam-se as crianças ao mar durante o dia.
As festas de São Bartolomeu do Mar decorrem por estes dias.
A missa mais solene foi celebrada esta manhã.
Por esta altura, realiza-se o chamado agradecimento ao Santo, através de uma procissão tida como «uma das mais imponentes» do Norte de Portugal.
Apesar de o percurso ser curto -“menos de dois quilómetros da igreja à praia e regresso” – demora sempre duas a três horas e incorpora centenas de figurantes que reconstituem episódios bíblicos, e andores de grande porte.
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