Os guardas que se encontravam de serviço na fuga da cadeia do Vale dos Judeus, oito no total, começam a ser ouvidos esta quarta-feira.
O interrogatório é feito pelo Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
Um deles é o chefe dos guardas prisionais e a convocatória para este interrogatório foi enviada a 6 de março ao Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, disse à Lusa que estará presente a «defender o corpo da guarda prisional». O advogado do sindicato, Pedro Proença, também estará presente.
Cada interrogatório deverá levar meia hora e o último está marcado para as 15h30.
Frederico Morais, em declarações ao “Bom Dia Portugal” desta quarta-feira disse que desconhece a acusação e acusou o Governo de tentar encontrar um bode expiatório.
A ministra da Justiça, Rita Júdice, é a responsável pelos processos disciplinares, depois da análise do relatório do Serviço de Auditoria e Inspeção, que chegou a 17 de outubro, depois da fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus, a 7 de setembro.
«O silêncio de muitos dos envolvidos, embora não os tenha desfavorecido, não permitiu deslindar alguns dos factos que ajudariam a delimitar a intervenção individual», afirma o relatório, citado em comunicado pelo Ministério da Justiça.
Já quanto a Horácio Ribeiro, ex-diretor da cadeia de Vale de Judeus, o documento conclui por uma
O documento acusa Horácio Ribeiro, ex-diretor da cadeia, de «violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade» e diz que o mesmo «não zelou pelo cumprimento das orientações em matéria de vigilância e segurança, nomeadamente, na homologação das escalas».
Ainda, sublinha que ao chefe competia a vigilância, nomeadamente a definição da mesma quanto aos pátios interiores.
Quanto aos guardas, diz-se que violaram os deveres de de prossecução do interesse público e «certos deveres especiais».
Fugitivos recapturados
Recorde-se que, em fevereiro, com a cooperação das autoridades espanholas, a Polícia Judiciária recapturou os dois últimos fugitivos do total de cinco.
No momento da fuga, estavam a cumprir penas entre os sete e os 25 anos de prisão por crimes de tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros.
Rodolfo Lohrman, argentino de 59 anos e o britânico Mark Roscaleer, de 35 anos, foram detidos pela Policia Nacional espanhola.
Fábio Loureiro, português de 33 anos, foi recapturado a 7 de outubro de 2024 em Tânger, Marrocos, onde ainda aguarda extradição para Portugal. Este fator depende da decisão «administrativa/política» das autoridades marroquinas, «apesar das insistências» portuguesas, a Procuradoria-Geral da República, citada pela Lusa.
Um mês depois, o português Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos, também foi detido em Montalegre.
O georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi recapturado a 10 de dezembro em Itália.
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