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A Invenção da Mentira

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Pior do que mentir é mentir a quem sabe a verdade”

(Slogan de cartaz da manifestação de professores)

 

A análise da situação política trouxe-me à memória o filme “A Invenção da Mentira”, que retrata a vida de Mark, um falhado num mundo  orientado pela honestidade e onde a mentira é uma prática desconhecida. Fustigado pelas desventuras e frustrações Mark descobre, quase acidentalmente, a mentira. Essa descoberta garantiu-lhe sucesso, fama e tornou-se numa espécie de Messias. Mas, apesar da glória conquistada pela mentira, Mark não consegue  conquistar o que mais deseja: o coração da mulher que ama…

A classe política, tal como Mark, encontrou na mentira um atalho que lhe permite chegar rapidamente e sem esforço ao poder, ou para se perpetuar no poder, ou até para derrubar os adversários que o detêm.

A mentira era inicialmente primária e facilmente reconhecida.  Usada em intrigas  e conspirações, em  campanhas eleitoral, como um ingrediente de promessas. Com o tempo, foi ganhando novas variantes através da adulação, da bajulação e das meias-verdades. Actualmente, a mentira atinge um enorme grau de sofisticação tornando-se dificilmente detectável a olho nu, uma vez que a  classe política desenvolveu a arte de não dizer nada ao longo de horas de discursos redondos e vagos, que servem mais para esconder do que para revelar. E essa é a forma mais ardilosa de um político mentir. Basta olhar para os lideres dos principais partidos para encontrar manifestações dessa esterilidade de ideias e de compromissos. Veja-se a titulo de exemplo Luís Montenegro, presidente do PSD, que não diz o que pensa sobre a eutanásia, sobre o novo aeroporto e até sobre uma coligação com o Chega.

Não admira, pois, que as pessoas se tenham habituado à mentira e  aos  políticos que mentem. De tal ponto, associam a actividade política à mentira como se de uma fatalidade se tratasse.

Um político apanhado a  mentir com os dentes todos já não é sequer  motivo de indignação. Aliás, no léxico político, um político que mente nem sequer é um mentiroso. É, tão somente, alguém que falta à verdade.

A mentira é, por estes dias, a grande protagonista, à qual se dedicam comissões de inquérito até de madrugada, debates intermináveis e até programas televisivos (Polígrafo).

A arte de mentir tem vindo, assim, a ser aperfeiçoada como uma arma cada vez mais eficaz e letal. A mentira foi ganhando uma aparência mais decente, legal, democrática até.

Deixando de envergonhar quem com ela anda de mão dada, a mentira ganhou dignidade passando a ser primeiro uma hóspede, tornando-se  por fim  numa residente das Casas da Democracia, desde Juntas de Freguesia e Municípios até chegar ao Palácio de Belém.

A mentira está, portanto, a invadir os territórios políticos como uma praga que envenena a democracia e a esperança, desacreditando tudo e todos.

No filme, Mark acaba – depois de muitas tentativas falhadas  através da mentira –  por conquistar a mulher que ama recorrendo, para isso, à VERDADE.

Talvez seja tempo da classe política e dos partidos ganharem  coragem para resgatar a VERDADE, trazendo-a de volta para a vida democrática depois de tanto tempo em cativeiro.

Talvez com  a VERDADE  possamos salvar a própria democracia.

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