A abordagem moderna da mobilidade nos centros urbanos implica a coexistência pacífica entre o trânsito automóvel, bicicletas e peões.
É, pois, à luz deste paradigma que devem ser analisadas as obras em Vila Verde.
Deparamo-nos, desde logo, com duas fortes condicionantes:
- falta, a Vila Verde, uma variante à EN101. Todo o trânsito que circula na estrada nacional tem de passar pela centro;
- a construção da ciclovia tem vários problemas de concepção (alguns entretanto atenuados).
Acredito que a autarquia teve a intenção de tornar a sede concelhia mais amigável. Todavia, por distração, falta de cuidado ou ausência de estudo, o resultado final não é bom.
Do dia para noite, tal como cogumelos, surgiu uma imensidão de lombas para resolver todos os problemas. Esta foi uma decisão precipitada.
Ergueu-se um alvoroço público de indignação e agora vemos a autarquia a tentar corrigir os erros. Ainda bem que está a fazê-lo mas os problemas estruturais parecem não estar a ser atacados.
Eis alguns dos erros cometidos:
- nas rotundas os carros já são obrigados a abrandar. Só na rotunda da EB23 há três lombas! Isto faz sentido?
- algumas são “super-lombas”, muito agressivas;
- devem ser, urgentemente, pintadas e bem sinalizadas;
- muitas poderiam ser substituídas por rebaixamento dos passeios;
- é fundamental garantir “canais limpos” para circulação de veículos prioritários, como por exemplo ambulâncias;
O grande argumento apresentado pelos responsáveis políticos é a segurança dos peões e a facilitação da circulação de cadeiras de rodas ou de carrinhos de bebé. Sou bastante sensível a estes argumentos e defendo-os até ao limite do possível.
Porém, vejamos apenas três exemplos em que se resolveria o problema sem as lombas:
- na estrada nacional, as lombas poderiam ser substituídas por semáforos limitadores de velocidade e os passeios rebaixados;
- entre a adega cooperativa e a frente da antiga escola primária, num trajecto de apenas 200 metros, há seis lombas. Sim, seis lombas! Nesta zona a velocidade dos automóveis sempre foi lenta, até porque está ali situado o posto da GNR. Estas seis lombas poderiam desaparecer quase todas e serem substituídas por passeios rebaixados;
- se descermos de carro Vila Verde, junto à CGD, ao chegarmos ao fim da rua, de sentido único, não é possível seguir em frente, o que obriga os automóveis a parar para mudar de direção. Então o que faz ali uma lomba? Poderia perfeitamente ser substituída por um passeio rebaixado. Como esta, há muitas situações iguais.
Como se pode ver, poderíamos reduzir o número de lombas para mais de metade, sem prejudicar a segurança e a mobilidade amigável dos peões.
Ainda vamos a tempo de fazer as correcções e garantir a circulação amistosa de veículos motorizados, bicicletas e peões.