Por Álvaro Santos
As eleições autárquicas estão aí, já mesmo ao virar da esquina.
O actual presidente da câmara, António Vilela, não se pode recandidatar por ter atingido o limite de mandatos.
Este facto, conjugado com vinte e quatro anos consecutivos de domínio do PSD, o que naturalmente provoca desgaste político, parecia abrir uma oportunidade real e única de alteração do ciclo político em Vila Verde.
Perante esta janela de oportunidade, seria de esperar que os partidos da oposição se unissem em torno dos seus mais fortes candidatos, apresentando-se ao eleitorado com força e credibilidade.
José Morais tinha condições de lutar ombro a ombro com Júlia Fernandes pela presidência e Paulo Marques para ser eleito vereador, podendo depois exercer um papel importante de desempate no xadrez político local.
É, pois, natural que os Vilaverdenses, incluindo os apoiantes do PSD, tivessem a expectativa que José Morais e Paulo Marques, neste momento de longe as figuras com mais notoriedade do PS e do CDS respectivamente, fossem os candidatos dos seus partidos. Porém, nos meandros políticos locais, consta-se que houve demasiadas desconsiderações e intromissões, o que levou à alteração do panorama.
Em consequência, José Morais e Paulo Marques anunciaram publicamente a indisponibilidade para serem candidatos pelos seus partidos, alegando razões pessoais e políticas. Este é um direito que lhes assiste e aplaudo a forma digna como anunciaram a retirada.
Ao invés dos seus adversários, o PSD, que sabia estar perante as eleições mais difíceis para si destes últimos vinte e quatro anos, cerrou fileiras em torno da sua candidata mais forte.
Já há muito que afirmo que a actual vereadora da educação e cultura seria a candidata mais forte do PSD, situação que conquistou por mérito próprio. Independentemente das capacidades que cada um veja nela, e que garantidamente as tem, face ao comportamento dos seus opositores Júlia Fernandes vê a sua vida facilitada: foi-lhe oferecida pela oposição uma passadeira vermelha, estendida a caminho da presidência da câmara.
A questão que se coloca agora é a seguinte: conseguirão os partidos da oposição, com particular destaque para o PS, gerar uma candidatura alternativa forte e capaz de lutar pela conquista do município?
De uma coisa não tenho dúvidas, o PS é um partido com muitos e bons quadros. Saibam eles, agora, construir esse projecto, pois a democracia agradece a existência de alternativas fortes, para que cada eleitor possa fazer as suas escolhas.
Os próximos tempos dar-nos-ão informação sobre se a passadeira vermelha estendida a Júlia Fernandes se manterá assim ou se a oposição tem engenho e arte de a retirar dos seus pés.
A resposta está nas mãos dos que se seguem a José Morais e a Paulo Marques.