O presidente do Governo Regional da Galiza, Alberto Feijóo, e o autarca do Porto, Rui Moreira, manifestaram-se, esta sexta-feira à noite, disponíveis para apoiar a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura.
Na sessão de apresentação da candidatura, que decorreu no Altice Fórum Braga e foi transmitida online, os dois políticos declararam o seu apoio a Braga, considerando que a vitória da “cidade dos arcebispos” seria positiva para toda a euro-região Norte de Portugal/Galiza.
No acto participou, ainda, Cristina Farinha (membro do júri internacional de Selecção e Monitorização Capital Europeia da Cultura).
Previa-se a vinda de uma autarca de Riga, na Letónia, que terá a outra CEC em 2027. Não veio por doença. Rio anunciou que haverá novo evento sobre internacionalização com os letões.
O governante galego salientou que Braga e Santiago de Compostela se podem coordenar em 2027, já que a capital da Galiza volta a receber um Ano Santo Xacobeo, que, habitualmente, atrai dez milhões de pessoas, de todo o mundo.
Sublinhou que, em parceria com a cidade do Porto as três importantes cidades do Noroeste português, poderiam, ainda, apostar na promoção do Caminho português de Santiago, o segundo maior da Europa, só atrás do Caminho francês.
Feijóo lembrou que ao Caminho Português é percorrido a pé quer por cidadãos nacionais quer por sul-americanos, do Brasil e da Argentina e também de Miami, nos Estados Unidos.
“O Norte de Portugal é a região mais importante para a Galiza. Madrid está a mil quilómetros, o Porto e Braga a 300. Espero que a ligação ferroviária de velocidade alta, não seja mais um anúncio, como sucedeu anteriormente. Acredito que sim”, disse.
GASTRONOMIA
Na ocasião, o autarca do Porto, Rui Moreira, propôs uma aposta na gastronomia, como vem sendo feito noutras regiões, caso do País Basco: “é uma riqueza que nos distingue e que ainda não está bem aproveitada”, sublinhou, manifestando disponibilidade para participar na CEC bracarense, se a cidade for a escolhida.
Aconselhou Braga a não cair no erro, que se cometeu no Porto, o de, no ano em que foi CEC ter a cidade permanentemente em obras, com ruas quase cortadas e os comerciantes insatisfeitos.
“A CEC do Porto criou uma dinâmica cultural que não existia, a cultura era uma coisa de elites. Mas deixou alguma ressaca, devido às obras de regeneração urbana, aos atrasos na Casa da Música e a litígios com o Governo que levaram Artur Santos Silva a demitir-se”, lembrou.
EVENTO EUROPEU
De seguida, Cristina Farinha, que integra o júri de 12 peritos – dez nomeados pelas instituições da União Europeia e dois pelo Governo português -, que escolhe a cidade vencedora, disse que serão valorizadas as propostas com “uma política cultural de longo prazo”, com maior participação e envolvimento dos cidadãos, e com mais ações de formação e capacitação de agentes culturais, de forma a que seja criada uma massa crítica para o futuro.
“A Capital da Cultura não é um evento nacional, é europeu. As candidaturas devem ter isso em conta”, vincou.
CAPITAL DE ESPERANÇA
Na introdução à sessão, Ricardo Rio disse que a candidatura se insere na Estratégia Cultural da urbe, definida até 2030. Salientou que as atividades culturais já começaram, o que exemplificou com a plantação, de imediato, de 2.027 medronheiros no concelho, que darão bagas dentro de seis anos.
“A estratégia cultural de Braga foi pensada em termos de desenvolvimento sustentado, cultural, ambiental e científico, envolve a população e os atores locais e não deixará de fora as áreas mais rurais. Damos aqui um passo importante rumo a 2027”, explicou Rio.
Em sua opinião, “Braga ainda não é Capital Europeia da Cultura, mas é seguramente uma capital de cultura e de esperança”.
CANDIDATURAS
Portugal lançou na terça-feira o convite para as cidades se candidatarem a Capital Europeia da Cultura em 2027, através da publicação de um aviso em Diário da República que formaliza a abertura do processo.
“O Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC) torna público, através do presente aviso, o Convite à Apresentação de Candidaturas e o Regulamento Interno para a eleição, em Portugal, da Capital Europeia da Cultura em 2027”, pode ler-se no documento, assinado pela diretora-geral do GEPAC, Maria Fernanda Soares Heitor.
As candidaturas ficam abertas até ao dia 23 de Novembro de 2021.
A verba disponível para a CEC 2027, à qual dez cidades portuguesas já manifestaram intenção de se candidatar, é de 25 de milhões de euros, anunciou em Outubro o Ministério da Cultura.
Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Leiria, Guarda, Oeiras e Viana do Castelo são as cidades que já manifestaram intenção em serem Capital Europeia da Cultura 2027, que decorrerá em simultâneo em Portugal e na Letónia.
Segundo o Ministério da Cultura, “a escolha da cidade vencedora será feita por um júri composto por dez peritos independentes, nomeados por instituições europeias, e para o qual Portugal escolherá dois elementos entre Janeiro e Junho do próximo ano”.
A vencedora será anunciada em 2023.
No passado, Portugal recebeu o título de Capital Europeia da Cultura três vezes, pela cidade de Lisboa, em 1994, do Porto, em 2001, e de Guimarães, em 2012.