O alegado responsável de um esquema familiar que burlava idosos com acidentes no Porto foi detido, pela GNR, pela terceira vez. Agora, ficou em prisão preventiva. A decisão surge depois de duas detenções pela PSP e pela Polícia Judiciária, das quais resultou, apenas, a obrigação de apresentação periódica às autoridades.
O grupo, composto por dois cunhados e, ainda, dois filhos de um deles, um dos quais menor, é suspeito de dezenas de burlas, arrecadando entre 200 e 600 euros em cada caso.
A operação era quase sempre a mesma. Os burlões aguardavam em parques de estacionamento de hipermercados e centros comerciais e, ao avistar um idoso ao volante, seguiam a sua viatura e buzinavam até a vítima parar. De seguida, abordavam o condutor, alegando que este tinha embatido no seu carro ao sair do estacionamento. Mesmo perante a negação da vítima, os burlões insistiam, mostrando danos antigos no veículo, garantindo que tinham sido causados minutos antes.
Para evitar chamar a polícia, o grupo convencia a vítima a pagar entre 200 e 600 euros para “cobrir os estragos”. Aqueles que não tinham dinheiro vivo eram levados a caixas multibanco. Caso a vítima quisesse contactar as autoridades, era ameaçada com perseguições e agressões.
A maioria dos elementos do grupo mora em São Pedro da Cova e a sua atuação concentrava-se em espaços comerciais de Gondomar, Porto, Gaia e Matosinhos. A PSP ligou os suspeitos a, pelo menos, oito burlas, tendo-os detido no mês passado. A PJ também já os tinha detido anteriormente. Ainda assim, em ambas as ocasiões, foram libertados.
Na terça-feira da semana passada, o mentor do esquema, de 47 anos, voltou a ser apanhado, desta vez pelo Núcleo de Investigação Criminal de Gaia da GNR. O suspeito já estava sinalizado por quatro crimes, incluindo três simulações de acidentes e uma burla a um idoso envolvendo uma loja de ouro. No tribunal, foi-lhe aplicada a medida de coação de prisão preventiva.
A PSP já havia alertado, no início de maio, para o aumento das burlas com falsos acidentes. Nos primeiros quatro meses deste ano, as autoridades receberam mais de cem denúncias, o que corresponde a cerca de 58% do total de ocorrências registadas em todo o ano de 2024 (190). Nos últimos quatro anos, a PSP conta com um total de 625 denúncias deste tipo de crime, que aumentou 47% em 2024 face a 2023.
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