A Câmara de Vila Verde considera que o combate à proliferação da vespa asiática «tem vindo a ser feito de uma forma intensiva e com resultados muito positivos, mercê de um trabalho árduo e eficaz dos colaboradores» da autarquia «que visa proteger a biodiversidade, as pessoas e o importante sector da apicultura».
Essa é uma ideia transmitida no mais recente número do Boletim Informativo da Câmara Municipal, onde é apresentada uma entrevista à veterinária municipal, Antónia Fernandes, que garante empenho total no combate à presença desta espécie de vespa.
«Não deixamos nenhuma casa por fazer nem os sítios que achamos mais pertinentes e que oferecem mais perigo. Podemos demorar, mas chegamos lá», assegura.
A veterinária apela a que os cidadãos colaborem com os serviços do Município, no sentido de identificarem os locais onde existem ninhos de vespas asiáticas, devendo contactar directamente a Câmara ou a Junta de Freguesia.
ENTREVISTA À VETERINÁRIA MUNICIPAL
* Publicada no Boletim Informativo do Município
Qual a maior dificuldade no combate à vespa asiática?
Além do cansaço físico, a maior dificuldade para mim e para a minha equipa são os acessos aos ninhos. Em casos onde o ninho esteja muito alto é bastante difícil lá chegar e às vezes a nossa carrinha nem sequer passa. Além disso, os equipamentos são muito pesados. A cana telescópica que transporta o maçarico faz uma força centrífuga enorme. É um trabalho que requer muito esforço.
Costumam utilizar fogo em vez de insecticidas. Porquê?
Neste caso é uma questão de opinião pessoal. Para mim não há nenhuma vantagem em utilizar insecticidas em vez do maçarico, porque os insecticidas são, normalmente, prejudiciais à natureza. Não há nenhuma razão lógica para deixarmos este produto tóxico à mercê das plantas e dos animais, quando com o fogo obtemos o mesmo resultado.
Só utilizamos insecticida em raras exepções, como no Verão quando está imenso calor e há perigo de incêndio. Caso contrário, não.
Além disso, há aqui um factor um pouco psicológico. Enquanto o fogo acaba com o ninho de uma vez, com o inseticida o ninho demora alguns dias a deteriorar-se, fazendo com que as pessoas achem que ele ainda está ativo.
Alguma vez deixarão de existir as vespas asiáticas?
Esse é um dos aspectos com que mais me debato e quero que as pessoas percebam de uma vez por todas. Em caso de pragas como esta, a única coisa que nós podemos garantir é o controlo, nada mais. Quando falamos de vespas asiáticas não podemos usar a palavra erradicação.
Mas, atenção, não deixamos nenhuma casa por fazer nem os sítios que achamos mais pertinentes e que oferecem mais perigo. Podemos demorar, mas chegamos lá. Agora extingui-las não é de todo possível para nós.
Esta espécie de vespa é ou não perigosa?
Daquilo que tenho conhecimento, as vespas asiáticas são mais perigosas para as abelhas e para a biodiversidade (visto que as matam), do que propriamente para o ser humano.
É importante referir que elas só atacam quando se sentem ameaçadas. Nos casos em que houve mortes, daquilo que sei, as pessoas tinham alguma doença ou alergia, por exemplo, que contribuiu para a morte.
Quais os cuidados a ter com as vespas asiáticas?
Como já referi, as vespas só atacam quando se sentem ameaçadas. Por isso, o ideal é não mexer com elas. É claro que há casos de pessoas que são picadas e nem sequer as vêem, porque os vespeiros estão camuflados na terra ou em muros, por exemplo. Mas há outros casos em que os ninhos são bem visíveis e aí o ideal é chamar alguém com competências (como nós) para tomar conta da situação e não simplesmente “fazer justiça pelas próprias mãos”.
Como é que a população vos pode ajudar?
A forma mais fácil das pessoas nos ajudarem é ligarem para o Município ou para a Junta da Freguesia, que posteriormente irá entrar em contacto connosco.
Mas é importante ressaltar que nós perdemos mais tempo à procura dos ninhos do que propriamente a queimá-los. Por isso pedimos que ao fazerem a identificação do ninho, o façam correctamente.
Quantas vezes nos disseram que o ninho estava numa oliveira e afinal estava num carvalho…É tempo perdido.