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Estudo conclui que viajar aumenta bem-estar dos idosos

O estudo ‘Turismo Sénior, caracterização geográfica e impactos biopsicossociais’, que terminou em Maio e que foi conduzido pelo presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social, Ricardo Pocinho, e pelo professor do Instituto Politécnico de Castelo Branco José Rodrigues, mostra que os idosos que costumam viajar têm uma percepção positiva em relação ao seu bem-estar.

Um estudo nacional concluiu que viajar reflecte-se de forma positiva na vida dos idosos, aumentando o seu bem-estar e diminuindo as situações de ansiedade, depressão e solidão, disse esta segunda-feira à agência Lusa o investigador Ricardo Pocinho.

Da mesma forma, apresentam sintomas de solidão mais baixos do que a restante da população idosa, assim como a ausência de sintomas de depressão e ansiedade.

Baseado num inquérito feito em Portugal continental e ilhas a 658 pessoas, 342 do género masculino e 316 do género feminino, com idades entre os 65 e 85 anos, a investigação concluiu que 64,9% viajam com o respectivo cônjuge, vivem em meios urbanos e têm habilitação escolar a nível do secundário.

O investigador salientou que o estado civil “não altera a sintomatologia”, pois “é possível sentir solidão mesmo estando acompanhado” e que “com as viagens melhoraram o seu bem-estar”.

“Esta foi a primeira surpresa do estudo. Apesar de não termos dados científicos, tínhamos a percepção de que quem viaja possuía habilitações ao nível do ensino superior. A nossa amostra foi totalmente casual, entrevistando pessoas que estavam um pouco por todo o país e que não viviam nessas cidades. Verificámos que a maioria tem, no máximo, o ensino secundário”, afirmou Ricardo Pocinho.

O investigador justificou que, “hoje, as habilitações de jovens com 20 ou 30 anos seriam totalmente diferentes”.

Ricardo Pocinho acrescentou que os inquiridos “tanto estavam em espaço religiosos como em urbes” e que o objectivo foi “tentar diversificar ao máximo”.

“Constatámos também que 180 pessoas ainda se encontravam no activo, o que é uma evidência de que hoje se trabalha até mais tarde”.

Mais de 50% dos inquiridos faz duas viagens por ano, sem sair do país, e revelam ter boa forma física e mental.

No decurso da investigação, foi também analisada a importância que o turismo sénior tem nos idosos a nível biopsicossocial, tendo-se revelado ser igualmente positivo.

Ricardo Pocinho adiantou que, depois do estudo e da publicação em revistas internacionais da especialidade, irá apresentar estes resultados ao Governo, para que, de alguma forma, possa apoiar o turismo sénior.

“Em Portugal, não temos o turismo muito dimensionado para seniores e até para o seu tipo de patologias. Os equipamentos são pouco acessíveis e até em termos económicos nem sempre é fácil para estas pessoas. Não temos informação de nenhum médico, mas é do senso comum que quem é menos ansioso, menos depressivo e com menos solidão irá tomar menos fármacos. E quando tanto se fala na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde esta é uma resposta”, sublinhou.

Este estudo surgiu depois da investigação relacionada com o impacto positivo das universidades seniores nas pessoas desta idade.

“Verificámos que as universidades seniores reduziam a sintomatologia de ansiedade e depressão e as pessoas que viviam o fenómeno da solidão conheciam uma melhoria da qualidade de vida e perguntámo-nos se haveria outras questões capazes de também o fazer”.

Ricardo Pocinho garantiu ainda que “qualquer item do estudo foi avaliado por estatística profissional, com coeficiente Alfa de Cronbach, o que mostra que há confiabilidade nos dados e elevada consistência”.

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