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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (19)

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Autor: Salvador de Sousa

O Padre António Vieira (1608-1697), jesuíta, admirável prosador e ilustre orador religioso, defensor de causas nobres, de espírito combativo, criticando a escravatura, os exageros da Inquisição, mormente em relação à defesa dos judeus, não temendo o discurso arriscado da época, sendo, por isso, condenado pelo Tribunal do Santo Ofício, mas, mais tarde, indultado com a subida de D. Pedro II ao trono, continuando as suas pregações.

Nasceu em Lisboa, mas repartiu a sua vida entre Portugal e o Brasil, pregando, sobretudo aos indígenas brasileiros, falecendo, já com 89 anos, no Brasil (Bahia). Fez votos de pobreza, castidade e de obediência, lutando contra a pobreza, procurando ajudar os mais necessitados e oprimidos.

Foi um eloquente prosador, igualando, segundo relevantes fontes, Camões, mestre na poesia, ambos, cada um no seu âmbito, foram excelentes embaixadores da Língua Portuguesa.

O Padre António Vieira dedicou, muitos dos seus sermões à Virgem Imaculada, acérrimo defensor da Conceição de Maria sem pecado original e, tentando anular as dúvidas teológicas sobre esta matéria, argumentou o seguinte: «…Que remédio para tapar a boca a todas as razões contrárias? O remédio é, Virgem puríssima, já que não posso ser orador da vossa pureza, fazer-me sumilher (reposteiro) de cortina da Vossa formosura. Apareça esse rosto mais formoso que a Jerusalém da terra, mais formoso que a Jerusalém do Céu: apareçam esses olhos bastantes a enlevar a Deus, bastantes a O ensoberbecer; e à vista de tanto extremo de formosura, todos aclamarão a uma só voz que sois, Senhora, concebida, sem pecado original, que em tanta formosura não pode haver culpa!» Termino a dissertação sobre esta pérola da Língua/Literatura Portuguesa, citando, ainda, um excerto de um seu sermão sobre a oração mental e vocal:«…A vocal pode ser forçada, a mental sempre é voluntária; a vocal pode não sair do coração, a mental entra nele, e o penetra, e se é duro o abranda; a vocal exercita a memória, a mental discorre com o entendimento e move a vontade; a vocal caminha pela estrada aberta, a mental cava no campo, e não só cultiva a terra mas descobre tesouros…»

Outro grande escritor, Manuel Bernardes, nascido em Lisboa (1644-1710), que dedicou à Virgem uma parte do seu tempo com as obras “Luz e Calor” e a “Nova Floresta” (cinco volumes), orador religioso, estudando Filosofia e Direito Canónico em Coimbra, ingressando, aos trinta anos, na Congregação do Oratório ou Oratorianos de S. Filipe de Néri onde, durante 36 anos, viveu em clausura, meditando, redigindo os seus livros na pobre cela da instituição. Muito devoto de Nossa Senhora, dedicou-lhe palavras de profundo afeto, dando, como exemplo estas que vou citar: «Oh puríssima MARIA, verdadeira Mãe do mesmo Deus, sempre Virgem, sempre Santa, sempre intacta e imaculada em corpo e alma (..) Bendito seja o Senhor que tal Criatura concebeu na sua ideia, e produziu na natureza das coisas; pois só por vós unicamente adquire mais honra, e glória, que pelo resto de todas as mais criaturas. Meu espírito se alegra com vossas ditas, se consola e goza com vossas perfeições e, rendido ante vosso soberano acatamento, vos ama, louva e magnifica…»

O espírito religioso continua no século XVIII no coração de ilustres literatos. Em 1720, el-Rei D. João V cria, no dia 8 de dezembro em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, a Academia Real da História, uma grande instituição historiográfica moderna para “incentivo e remodelação da nossa cultura histórica”, agregando alguns prestigiados intelectuais do século. Em 1733, os seus membros fizeram a sua profissão de fé, vincando a conceição de Maria sem pecado original, Virgem Imaculada. Esta cerimónia realizou-se, com a presença de D. João V que fez, na qualidade de Protetor da Academia, a sua promessa, na capela do Paço, juntamente com os académicos respetivos, ilustres escritores: “D. António Caetano de Sousa, o Conde da Ericeira, Diogo Barbosa Machado, Rafael Bluteau, Francisco Leitão Ferreira, Joseph Sousa da Silva e outros”.

A devoção a Maria continuou viva na alma dos escritores portugueses e grandes volumes se escreveram para memória das gerações futuras.

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra; realização e propriedade de Augusto Dias Arnaut e Gabriel Ferreira Marques, editada pela Ocidental Editora, Porto, em 1953.

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