A imagem centenária que se encontra na Capela das Aparições é um dos grandes tesouros do Santuário e de todo o povo crente do mundo inteiro e, por isso, está no interior de uma caixa de vidro à prova de bala para a proteger. Inicialmente, estava muito próxima dos peregrinos, a capela era muito pequena, sendo guardada todas as noites por uma senhora em local mais seguro. Foi, por isso, que a Imagem não foi destruída no atentado que houve à Capelinha, em 1922.
Em 2009, os dirigentes do Santuário resolveram colocar uma câmara de vídeo na Capelinha das Aparições focada, 24 horas por dia, para o local onde a imagem centenária de Nossa Senhora de Fátima está colocada. Além da vigilância, há também uma proximidade maior com todos os devotos da Virgem de Fátima.
O Dr. Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento Cultural da Diocese de Leiria/Fátima, estudioso e responsável por várias obras de arte do Santuário de Fátima referiu ao “Jornal Observatório” que há menos de dez pessoas que estão autorizadas a mexer na imagem e, quando o fazem, calçam luvas para que tudo seja feito com muito cuidado. Além disso, só uma equipa técnica (três pessoas) dos conservadores do Museu do Santuário é que fazem a análise da conservação da imagem. Para além disso, há um pequeno grupo de pessoas formadas para a retirar e colocar no andor no momento das celebrações ou para qualquer outro evento muito excecional.
O mesmo historiador revelou que uma análise feita, em 2015, à escultura de cedro do Brasil não apresentava grandes estragos em relação aos seus quase 100 anos, “tendo apenas pequenos danos no revestimento, como estalos, fissuras, desgastes…”
A Coroa feita com as joias oferecidas pelas mulheres portuguesa está guardada no Museu do Santuário e só é colocada na sua imagem em momentos especiais. É toda em ouro, decorada com pedras preciosas, mas o seu maior valor (espiritual) é o objeto que aloja que tornou a coroa motivo de veneração: uma das balas que atingiu o Papa João Paulo II, na Praça de S. Pedro, em Roma, precisamente no dia da primeira aparição, 13 de Maio, na Cova da Iria. O Papa associou logo aquele atentado com a Mensagem de Fátima, afirmando, convictamente, várias vezes: «Nossa Senhora de Fátima salvou-me a vida.»
No ano seguinte, 13 de Maio de 1982, o Papa João Paulo II veio a Fátima, como peregrino, agradecer a proteção de Nossa Senhora. No dia 25 de março de 1984, no Vaticano e perante a imagem, levada pelo Bispo de Leiria-Fátima, saindo do seu local excecionalmente, João Paulo II consagrou o mundo ao Coração de Maria. Nesse mesmo dia, entregou ao Bispo, D. Alberto Cosme do Amaral, a bala do atentado que, oito anos mais tarde, após o atentado na Praça de S. Pedro, foi colocada na Coroa preciosa da imagem da Capelinha das Aparições e, surpreendentemente, encontram na coroa um orifício, precisamente, com a medida da bala. Para nós, crentes, a fé dita-nos que algo de providencial se afere da existência daquele espaço já existente para a colocação da projétil. À luz da fé, não podemos falar em coincidências, mas realmente de um mistério Divino. Dizia o parapsicólogo, já falecido, Óscar Quevedo, numa ação de formação que eu assisti há vários anos, respeitante aos milagres: «Deus quando quer, põe a Sua mão…»
A imagem centenária apenas saiu da Capelinha 12 vezes uma para Espanha e três vezes para o Vaticano: em março de 1984 a pedido do Papa João Paulo II para, como já se referiu, consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria; em outubro do ano de 2000, partiu novamente para Roma e, na Praça de S. Pedro, o Papa, com a imagem presente, consagra o novo milénio à Virgem Santíssima e nos dias 12 e 13 de Outubro de 2013, o Papa Francisco solicitou a mesma imagem para a Jornada Mariana, levada a efeito pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. No dia 13, o Papa Francisco, tal como já tinha feito o Papa João Paulo II, perante a Imagem da Capelinha das Aparições, consagrou o Mundo ao Imaculado Coração de Maria. Foi a primeira vez que a imagem original esteve fora de Fátima nos dias que aconteceram as Aparições, sendo substituída pela da Virgem Peregrina de Fátima. Na próxima crónica, falarei das imagens peregrinas.
Fontes diversas