Por Salvador Sousa
A Sagração Episcopal do Papa Pio XII foi no dia 13 de Maio de 1917, sendo eleito papa a 2 de março de 1939, sendo o seu pontificado muito ligado a Fátima, apoiando sempre a divulgação do mistério da Cova da Iria. Esta concomitância de datas é mais um fenómeno divinal que levou, penso eu, o Papa Pio XII a credibilizar e a ter um carinho muito mais acentuado pelas Aparições de Fátima. Foram várias as revelações divinas e de empatia do Pontífice em relação aos acontecimentos de Fátima:
– O Cardeal Aloysio Masella foi o legado do Santo Padre para a Coroação da Imagem Centenária de Nossa Senhora de Fátima e, na carta da sua nomeação, Pio XII escreve: «Atendendo aos desejos e súplicas do Episcopado português, havemos por bem coroar solenemente a insigne Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Confiamos que este fausto acontecimento contribuirá grandemente para intensificar a devoção do povo cristão à Celeste Rainha e para atrair sobre ele maior abundância de graças.» Chamo à atenção de um pormenor nesta citação: o Papa não diz povo português, mas sim “povo cristão”. Quando o Cardeal se foi despedir, o Santo Padre acentua: «lembre-se da grandeza da missão que vai cumprir: vai coroar Nossa Senhora Rainha do Mundo.»
– No momento da Coroação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio de 1946, em que estavam entre 500 e 700 mil pessoas, Pio XII falou via rádio aos peregrinos de Fátima: «…A vossa presença hoje neste Santuário, em multidão tão imensa que ninguém a pode contar, está atestando que a Virgem Senhora, a Imaculada Rainha, cujo Coração Materno e compassivo fez o prodígio de Fátima, ouviu superabundantemente as vossas súplicas. Hoje vós todos, todo o povo da Terra de Santa Maria, com os Pastores de suas almas, com o seu governo, às preces ardentes, aos sacrifícios generosos, às solenidades Eucarísticas, às mil homenagens que vos ditou o amor filial e reconhecido, juntastes aquela preciosa coroa e com ela cingistes a fronte de Nossa Senhora de Fátima, aqui neste oásis bendito, impregnado de sobrenatural, onde mais sensível se experimenta o seu prodigioso patrocínio, onde todos sentis mais perto o seu Coração Imaculado a pulsar de imensa ternura e solicitude materna por vós e pelo mundo.»
– Em 17 de maio de 1950, o Papa recebeu a primeira Peregrinação Nacional portuguesa, em Roma, referindo-se a Fátima com fervor e afeto, acentuando:« sede bem-vindos, amados filhos da Terra de Santa Maria. Escolhestes para vir aqui no mês de Maio, o mês de Maria. Não pode ser mais acertada a vossa escolha. Antes de nós anunciarmos ao mundo este jubileu do Ano Santo, já o céu mandava aos homens a sua mensagem de penitência, de oração e de santidade de vida, na Mensagem da Fátima…»
– No dia 13 de maio de 1951, a imprensa portuguesa emite um nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros dizendo que a Secretaria de Estado do Vaticano comunicou à Embaixada de Portugal junto da Santa Sé que as solenidades do encerramento do Ano Santo para o estrangeiro seriam no Santuário de Fátima. Mais uma prova do apreço e do carinho do Papa para com a Terra de Santa Maria. Foi nomeado, para presidir às cerimónias, o legado do Santo Padre, o Cardeal Tedeschini, numa carta datada de 24 de setembro do mesmo ano.
Um milhão de peregrinos afluiu ao Santuário nesse dia 13 de outubro de 1951, aniversário da última visita da Mãe do Céu. O Papa mais uma vez dirigiu, através da rádio, uma mensagem, sublinhando o local como «uma montanha privilegiada de Fátima, da Virgem Mãe escolhida para trono das suas misericórdias e manancial inexaurível de graças e maravilhas…»
Nesse dia, na homilia, o cardeal referindo-se ao milagre do Sol de 13 de Outubro de 1917, revelou aos fiéis o seguinte: «outra pessoa viu esse milagre; viu-o fora de Fátima; viu-o a anos de distância: viu-o em Roma. E foi o Papa, o próprio Pontífice, Pio XII. Eram as quatro da tarde dos dias 30 e 31 de outubro e 1 de novembro (1950), isto é, no dia da definição dogmática da Assunção de Maria (pelo Papa Pio XII). Nos jardins do Vaticano, o Santo Padre volveu para o sol um olhar e então renovou-se aos seus olhos o prodígio de que fora testemunha, anos antes, este mesmo vale, neste mesmo dia…»
Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra…