OPINIÃO

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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (61). Fátima foi sempre um local predileto e enigmático

Por Salvador de Sousa

Professor

 

 

Nossa Senhora, sempre louvada pela Nação Portuguesa, sempre escolhida como intercessora desde os mais pequenos feitos até às grandes batalhas, quis escolher a Serra d’Aire para se revelar ao mundo. Fátima tornou-se “uma nova Belém portuguesa” onde a Virgem Santíssima fez uma nova doação do seu Filho, fazendo renascer a Sua mensagem “que é a Verdade, a Vida, o Perdão e a Paz”, transformando o local num Santuário do mundo onde todos nós nos apercebemos e sentimos a mensagem da Senhora no nosso coração como principal guia do caminho que nos leva a Cristo, lembrando aquela célebre frase divina: «fazei tudo o que o meu Filho vos disser.» 

Pelos caminhos de Fátima teria andado o Conde de Ourém em datas muito afastadas das Aparições, mas tão próximas do carisma à volta da Mãe Maria Santíssima. O Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, era um guerreiro sempre aliado a Maria, passando, antes e no momento das batalhas, a invocá-la, envolvendo-a sempre no seu coração. O Santo, antes das batalhas, lembrava aos seus combatentes que se encomendassem a Deus e à Virgem. Em seguida, ajoelhava-se com eles, em oração, diante da bandeira que era dividida em quatro campos com uma cruz vermelha, apresentado em cada um deles: Jesus Crucificado com a Virgem e S. João Evangelista; Santa Maria com o Menino ao colo; S. Jorge e S. Tiago. A sua espada continha gravada uma mensagem Bíblica: Excelsus super omnes gentes Dominus – O Senhor está acima de todas as nações, tendo, ainda o nome de Nuno e de Maria. No final de cada batalha, o Santo D. Nuno ia sempre agradecer a Deus e à Virgem as suas vitórias.

Uma das grandes vitórias foi a de Aljubarrota. A 12 de agosto de 1385 os castelhanos já tinham atravessado a fronteira, dominado o Castelo de Celorico, avançando para Ocidente, chegando a Leiria. As forças de D. Nuno estavam estacionadas em Ourém, direcionando-se para Porto de Mós, passando, com certeza, pela Cova da Iria. Diz-se, mesmo, que ele esteve a orar, precisamente, no local das Aparições de 1917. 

No domingo, dia 13, depois de um estudo do terreno, o Santo Condestável escolheu os campos de Aljubarrota como local propício para o confronto com os castelhanos. Ao romper da aurora do dia 14 de agosto, véspera da festa de Nossa Senhora, os soldados estavam todos em alerta, rezavam, comungavam, pedindo a Nossa Senhora a Sua intercessão perante Deus. Ao declinar o dia, travou-se a batalha que durou menos de meia hora. Portugal com um número ínfimo de soldados em relação a Castela, vence o inimigo com uma certa facilidade.

O dia 15 de Agosto ficou marcado no espírito de D. Nuno Álvares Pereira: no dia 15 de Agosto de 1376 casou com D. Leonor de Alvim; em 14 de Agosto de 1385 venceu em Aljubarrota e em 15 de Agosto de 1415 esteve em Ceuta. Finalmente, escolheu o dia 15 de Agosto de 1423 para se entregar ainda mais a Deus, recebendo o hábito no Mosteiro do Carmo, fundado por ele em 1389, mudando o seu nome para Frei Nuno de Santa Maria, querendo servir a Deus em estado de pobreza, tendo com ele, sempre até à morte, um crucifixo e uma imagem da Virgem da Assunção. Faleceu no dia 1 de abril de 1431. Pela Semana Santa começou o caminho definitivo para o Deus que ele sempre amou; na Quinta-Feira Santa recebeu o Santíssimo Sacramento. Na Sexta-Feira Santa entrou em agonia e no Domingo de Páscoa rumou para “Santa Maria do Céu.” 

No dia 13 de agosto de 1929, D. Nuno foi lembrado em Fátima numa peregrinação Nacional “Cruzada Nacional de Nun’Álvares” com cerca de 150.000 peregrinos e 200 doentes inscritos no posto médico. Sentiu-se viva como nunca a alma da Pátria, escolhendo o local onde Nossa Senhora quis escolher para transmitir a sua mensagem, com certeza, grata por tanta fé, tanta devoção, tanta entrega do povo português ao longo de toda a história. 

A iniciativa da Cruzada Nacional de Nun’Álvares foi no sentido de «levar Portugal a ajoelhar na Cova da Iria, para louvar, nos mesmos atos litúrgicos e nos mesmos coros apoteóticos, a Suprema Advogada e o maior Capitão da Pátria.»

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História…

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