Terminei a crónica anterior com uma transcrição profética de Santa Catarina de Labouré, vidente das aparições na Rue du Bac, em 1833, que ela escreveu:
– «Oh! Que bom será quando se ouvir dizer: Maria é a Rainha do Universo! Há de ser levada qual estandarte e dará a volta ao mundo.» Não foi por acaso que a Virgem Santíssima lhe apareceu com um globo nas mãos.
Toda esta profecia se foi concretizando a partir de 1917 com as aparições aos três pastorinhos na Cova da Iria, 84 anos mais tarde, mas que, como sabem, a Igreja necessitou de uma longa investigação para considerar credível a mensagem de Fátima que só aconteceu com a Carta Pastoral do Bispo de Leiria, no dia 13 de outubro de 1930, mas as multidões de peregrinos sempre se fizeram sentir naquele recinto celestial, sendo elas que abriram caminho para a afirmação, em pleno, deste tão admirável acontecimento.
O Papa Pio XII, um grande devoto de Fátima, na sua Encíclica “Ad Coeli Reginam,” publicada no dia 11 de outubro de 1954, fala da “Rádio/Mensagem da Realeza de Maria”, que Sua Santidade denominou, dirigida aos peregrinos da Cova da Iria, no dia 13 de maio de 1946. Nessa transmissão, o Sumo Pontífice fala, à volta de duas dezenas de vezes, invocando Maria como Rainha, Rainha Imaculada, Rainha dos Céus e da Terra, Rainha do Mundo, Rainha do Universo…
Maria, referiu Sua Santidade, «é Rainha por graça, por parentesco divino, por conquista, por singular eleição…» A Filha Primogénita do Pai, Mãe extremosa do Verbo e esposa predileta do Espírito Santo… Ele, o Filho de Deus, decreta, sobre a Celeste Mãe, a glória, a majestade, o império da Sua Realeza… Vós coroai-La Rainha da Paz e do Mundo para que o ajude a encontrar a paz e a ressurgir das suas ruínas…»
Esta rádio/mensagem é, em si, um já pronúncio da imortalização do nome de Fátima como “ trono da realeza da excelsa Mãe de Deus.” Demonstra a concretização de uma parte da profecia de Santa Catarina de Labouré, Irmã (freira) das Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, podendo-se deduzir uma providencial relação entre o que escreveu e os acontecimentos de Fátima.
Relativamente à segunda parte da profecia de Santa Catarina de Labouré, Maria como Peregrina do Mundo, parece haver também uma relação providencial com Nossa Senhora de Fátima, pois passados 144 anos, no dia da sua canonização, em 27 de julho de 1947, desconhecendo-se, na altura, essa profecia, a imagem peregrina oferecida pelo Bispo de Leiria e coroada solenemente pelo Bispo de Évora, no dia 13 de maio de 1947, inicia o seu caminho «“verdadeiro estandarte” de paz por entre escombros fumegantes, panoramas dolorosos e tristes do mundo recém-saído de uma das mais horríveis e universais pelejas.» Portugal foi o primeiro a receber a imagem que visitou Lisboa, Algarve, Alentejo, Leiria e restantes Dioceses do País
A Senhora de Fátima peregrina correu o mundo por espaços trágicos de destruição e de morte, visitando os cinco continentes com o seu coração de ternura, de esperança e de ânimo, anunciando o regresso da paz e o começo de uma nova era. Grandes multidões viveram esses momentos com emoção ao verem, junto de si, a Rainha da Paz, a Rainha do Mundo, a Rainha dos Aflitos, a Mãe de toda a humanidade, a Mãe que sofre e se alegra com os seus filhos. Imensos prodígios, grandes milagres por intercessão de Nossa Senhora de Fátima foram realizados, mormente curas humanamente impossíveis.
Pouco depois do final da 2ª guerra mundial, um pároco de Berlim propôs que a imagem da Cova da Iria percorresse todas as capitais e cidades episcopais da Europa até à fronteira da Rússia. No ano seguinte, essa ideia é retomada por um representante de Luxemburgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina, e, no preciso dia da sua coroação e da canonização de Santa Catarina de Labouré, a imagem da Senhora de Fátima inicia a sua peregrinação por Portugal e pelo mundo.
Fátima, permanentemente, se impõe aos povos da terra, sendo presenciados grandes mistérios que os olhos da humanidade sempre viram e vão continuar a admirar. Há várias referências, em Portugal, às aparições da Virgem em alguns locais, mas Deus, com certeza, quis assinalar Fátima como lugar predileto para ser o Altar do Mundo.
Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra…