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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (69). A Imagem de Nossa Senhora em Lisboa e o regresso à Cova da Iria

No dia 8 de abril de 1942, ao anoitecer, o povo de Lisboa recebeu de uma forma apoteótica a Imagem de Nossa Senhora de Fátima pela primeira vez e, tal como aconteceu nas passagens e paragens do seu percurso, como já salientei nas crónicas anteriores, uma enorme multidão, entre aclamações, cânticos e lágrimas, visíveis nos rostos, acolheu a Virgem Mãe de Deus simbolizada na tão expressiva Imagem.

A Veneranda Imagem foi acolhida, durante 5 dias, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, recebendo, ao longo desse tempo, centenas de milhar de fiéis de todas as classes sociais e de todas as idades que, sentidamente, se ajoelhavam aos pés da Virgem a rezar, a cantar e a chorar de emoção. Com certeza, a agradecer-Lhe tão divinais graças que, por intermédio da Virgem, Deus estava a conceder à Terra de Santa Maria. Quantos soldados e familiares brotariam lágrimas de agradecimento por estarem livres de uma guerra que estava a torturar tantos povos do mundo!

O Cónego Carlos Duarte Gonçalves de Azevedo que escreve o capítulo que estou a ler e a partilhar “Nossa Senhora de Fátima Peregrina do Mundo” escreve respeitante a uma procissão de velas que correu as ruas da capital: «espetáculo que pela participação das massas, pela piedade comunicativa, pela alegria e entusiasmo, pela beleza impressionante, excedeu tudo quanto Lisboa até então tinha conhecido. Horas que se viveram, com comoção, recordam-se, mas não se descrevem sem se ficar muito aquém da realidade.» Este sacerdote que se entregou a divulgar, com os seus escritos, os prodígios de Fátima, nasceu no dia 28 de agosto de 1910 em Parada de Tibães, Braga, “membro de uma nobre e cristianíssima família”. Por intermédio do Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, matriculou-se no Seminário de Leiria no ano letivo de 1922/23, sendo ordenado presbítero no dia 4 de abril de 1935 e nomeado cónego honorário da Sé Catedral de Leiria por Provisão de 25 de julho de 1951. Foi professor no Seminário de Leiria, exerceu outros cargos, como: Capelão do Carmelo de S. José, em Fátima, e Coadjutor do Santuário de Fátima; substituiu o Bispo D. João Pereira Venâncio, em 4 de outubro de 1962, durante a presença do Prelado no Concílio Vaticano II; foi diretor diocesano da Obra Católica das Migrações e assistente religioso da Mocidade Portuguesa. Em janeiro de 1973, regressou, a seu pedido, à sua casa paterna, em Parada de Tibães, falecendo no dia 4 de maio de 1986.

No dia 13 de abril, às cinco da manhã, confluiu um número incontável de pessoas para junto da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, para se despedir da linda e significativa Imagem de Nossa Senhora, não havendo entraves com aquela hora da manhã. A fé e a entrega dos fiéis à Virgem constituíram as principais forças para a sua presença e para todo aquele louvor tão vivido que continuou a revelar-se por todo o lado onde o cortejo passasse, sobretudo em Santarém, Torres Novas e Tomar.

Na Cova da Iria, aglomeraram-se, ao longo do dia, peregrinos de todos os espaços de Portugal ansiosos de voltarem a ver aquela tão venerada imagem no seu pedestal da Capela das Aparições. Até que, às cinco horas da tarde, ouvem-se os sinos, os foguetes ecoam por aquelas paragens serranas, o povo reza, canta e brota lágrimas de alegria. Avistam-se os primeiros carros e motos da Polícia de Viação e Trânsito que se ocupou da segurança daquela tão piedosa realização; aparecem, em seguida: o Reverendo Assistente Nacional e a Presidente da Juventude Católica; Dom Manuel Trindade Salgueiro em representação do Cardeal Patriarca; o denominado Bispo de Nossa Senhora, Dom José Alves Correia da Silva, Prelado de Leiria e, no final do cortejo, o carro-andor com a “Taumaturga Imagem de Nossa Senhora de Fátima rodeada de vidro, sendo visível apenas a sua formosa face, devido ao amontoado de flores de cores tão variadas oferecidas por mãos lusas que se levantavam, constantemente, a saudar a Nossa Mãe. Tudo terminou com a Eucaristia celebrada pelo Bispo de Leiria e com umas palavras que dirigiu, com muita emoção e com voz trémula, não conseguindo conter as lágrimas que escorriam pelo rosto.

 

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos… 

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