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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (71). Extraordinário acolhimento da Imagem da Senhora de Fátima até Lisboa

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O cortejo segue agora sob a coordenação do Patriarcado de Lisboa em direção ao Mosteiro cisterciense de Alcobaça, tendo o Bispo auxiliar seguido, debaixo do pálio, além do número incalculável de fiéis, provando um amor, uma fé incondicional e uma entrega fervorosa à Mãe de Deus. A chuva continuava a cair intensamente, os caminhos tornavam-se, em alguns locais, empapados de lama e de água, o negrume das nuvens impedia a visibilidade das estrelas, mas o espetáculo luminoso vindo das lanternas, das velas, dos archotes empunhados pela multidão vincava bem todo aquele cenário de devoção, tal era a chama ardente do seu amor à Virgem de Fátima. As próprias bermas das estradas pareciam linhas luminosas que orientavam o cortejo na direção de Lisboa.

Chegou à Igreja do Mosteiro no dia 24 de novembro de 1946, por volta das 19 h, entre cânticos, orações e lágrimas que brotavam de algumas faces daquele mar de gente. O Bispo de Leiria, já muito debilitado, apareceu como que a despedir-se, durante aquela ausência, da Imagem da Cova da Iria. Seguiu-se uma vigília Eucarística com o início da missa à meia-noite.

No dia 25, pelas 13 h, a procissão percorreu as ruas de Alcobaça com as varandas engalanadas com colchas, flores, rosmaninho e alecrim, simbolizando a expressão de fé daquela gente. O povo português demonstrou sempre, ao longo da história, um forte carinho e uma grande entrega à sua Padroeira. Fátima foi escolhida como que uma nova “Lapinha” onde Nossa Senhora quis confiar e fazer renascer a Sua mensagem de amor e de gratidão pela Terra de Santa Maria. Sejamos gratos e defendamos os valores tão enraizados no coração deste país que nasceu com os olhos postos na nossa tão Bondosa Mãe.

Nazaré acolheu a Imagem Venerável com a mesma fé que sempre teve ao longo de séculos para com Nossa Senhora de Nazaré, terra de grandes romarias dos nossos missionários, navegadores, reis e rainhas de Portugal que sempre vinham agradecer, pedir e louvar a Mãe do céu representada naquela Sua imagem tão pequenina, mas tão representativa da devoção do povo português. Foram momentos de aclamação, representando um “cenário maravilhoso do céu, terra e mar.” Muitos de joelhos com cânticos e orações e grossas lágrimas que brotavam daqueles rostos, nascidas do seu coração agradecido e confiante na Mãe que foi sempre o seu refúgio nos momentos trágicos da vida do mar, nos momentos de consolo e nos momentos de alegria. Foi uma despedida muito comovente quando a Imagem, no dia 26 de novembro, às 11h, debaixo de chuva imparável, rumou para outras paragens. O Bispo Auxiliar de Lisboa, D. António de Campos Neves, embora com fragilidades de saúde, em diversos momentos, mesmo com chuva intensa, saía do carro para seguir no meio da multidão.

Nossa Senhora Peregrina foi sempre acompanhada de “um caudal de gente” nos caminhos para as Caldas da Rainha, onde chegou às 18h e 30m, caindo constantemente flores no andor de talha dourada e com o escudo Nacional. Quando o dia decaía e surgia a escuridão, a luz das velas, das lanternas e de outros utensílios estrelavam o percurso, rumo a Lisboa.

Foi também grandiosa a entrada na cidade de Caldas da Rainha com um número incontável de gente dos variados setores sociais a dar graças pela chegada da Imagem Peregrina, dando entrada na igreja de Nossa Senhora do Pópulo, junto ao Hospital de D. Leonor.

Chegou a Óbidos na tarde do dia 27 deambulando pela encosta da vila medieval, transpondo as portas do castelo de D. Dinis onde, desde séculos se pode ler uma legenda: «A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original,” pernoitando na Igreja de S. Pedro com a habitual vigília, saindo no dia 28, às 10h, para Peniche. Seguiu-se a Lourinhã, Bombarral, sendo aqui que pousaram no andor cinco pombas, já a caminho para o Cadaval, três chegaram a Lisboa. No dia 3 de dezembro chegou a Torres Vedras, pelas 19h, sendo nesse trajeto, num local mais ermo, que surgiu um vulto de uma mulher vestida de negro, fazendo alta ao carro onde seguia o Bispo, D. João de Campos Neves, entregando-lhe, com lágrimas no rosto, algumas das suas joias, dizendo: «É por Ela, pela conversão dos pecadores de Torres Vedras…» não dando sinais da sua identidade. A Imagem esteve em Mafra, Loures e chegou a Lisboa no dia 5 de dezembro.

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra…

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