Com os últimos dias de chuva, vento forte e tempestades por todo o país, custa acreditar que o inverno já acabou. Mas a verdade é que, segundo os calendários, hoje é o primeiro dia de primavera.
No entanto, não será um dia quente e de sol. O inverno de 2024 foi, como avança a CNN Portugal, o sétimo mais quenre desde 1932, com temperatura média do ar a 1,7 graus acima do normal.
Assim, é um dos invernos mais quentes de que há registo, segundo o chefe da divisão de clima e alterações climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Ricardo Deus, citado pela CNN Portugal.
Ainda, o climatologista Mário Marques diz ao mesmo canal que «as temperaturas estiveram acima da média muito por culpa das temperaturas mínimas que foram muito acima do normal».
«Tivemos muito poucos dias com geadas, por exemplo. Esta subida das temperaturas mínimas é uma tendência clara do aquecimento global”, aponta à CNN Portugal.
E, para Pedro Matos Soares, isto são resultados das alterações climáticas e do aquecimento global.
«Nos últimos anos as temperaturas têm sido consistentemente mais elevadas do que no passado e isto tem que ver com o efeito antropogénico – ou seja, da atividade humana – no aquecimento global. Tal como sabemos que a terra não é plana, também não há dúvidas sobre isto. E estes registos não são um fenómeno isolado: dizem respeito a todo o globo. Infelizmente, não é uma surpresa», explica, à CNN.
A precipitação, por sua vez, também se destacou este inverno, por valores abaixo do normal em 8%.
«Apesar de algumas semanas de precipitação mais concentrada e mais intensa, nomeadamente na segunda metade de janeiro com a tempestade Hermínia e a tempestade Ivo, este inverno ficou abaixo da média em termos de precipitação comparativamente a outros – muito por causa de novembro, dezembro e da primeira metade de janeiro», aponta, ao mesmo canal, Mário Marques.
Para “compensar”, a primavera chega com níveis de chuva acima do normal. Os próximos dias são marcados por chuva persistente e temperaturas baixas.
«Prevê-se que esta seja a primavera mais húmida dos últimos tempos», diz Mário Marques. Com o oceano a aquecer rapidamente, há «mais humidade e mais energia na atmosfera», diz o especialista. O anticiclone continental europeu está a, ainda, a «prevalecer e a posicionar-se muito mais junto à Europa», afirma.
Será, mesmo, segundo avança a CNN Portugal, um abril de “águas mil” com mais precipitação que o normal, pelo menos na sua primeira semana.
Ainda assim, durante o mês, a primavera começará a dar os sinais que conhecemos.
Já em maio, as temperaturas vão subir bastante. Segundo o IPMA, consultado pela CNN, o calor vai ser intenso e, ainda, estará «em sintonia» com o aumento da temperatura do oceano, especialmente nas zonas costeiras do país.
«Nos últimos anos, boa parte da energia em excesso devido ao efeito de estufa tem sido absorvida pelos oceanos. Quando temos bacias oceânicas mais quentes, temos mais energia no sistema climático, ou seja, temos mais fenómenos extremos mais intensos e mais prevalecentes», conclui Pedro Matos Soares à CNN Portugal.
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