O funeral, com honras militares, do Capitão de Abril, coronel Rui Guimarães, realiza-se esta quinta-feira, pelas 15h00, na igreja de S. Francisco (Toural), em Guimarães, onde irá a sepultar em jazigo de família no cemitério daquela cidade.
Em comunicado, a Comissão de Homenagem aos Democratas do Distrito de Braga escreve que “se curva perante a memória daquele que foi um dos militares cruciais ao sucesso da revolução de Abril, no Norte do país”.
Membro da Comissão, em representação da Associação 25 de Abril, Rui Guimarães foi protagonista, nos últimos dois anos, de “um intenso trabalho com as novas gerações, participando em palestras e conferências, nas quais pode transmitir o seu testemunho, respondendo, assim, ao propósito da Comissão de transmitir a Memória aos mais novos para que estes valorizem a Democracia e as amplas liberdades de que gozam”.
BIOGRAFIA
Rui Rolando Xavier de Castro Guimarães nasceu em Guimarães, em 3 de Março de 1943, e ali frequentou o Ensino Secundário no Liceu Nacional de Guimarães, após o que ingressou na Academia Militar em Outubro de 1962, tendo terminado o Curso de Infantaria em 1966.
Após ter sido promovido a alferes do Quadro Permanente de Oficiais do Exército, foi mobilizado para a sua primeira comissão de serviço na Guerra Colonial, em Angola, de onde regressou em 1968 e, após a sua promoção a capitão, foi novamente mobilizado para uma segunda comissão de serviço, desta feita na Guiné/Bissau, onde permaneceu durante mais de dois anos.
Em 1973, encontrava-se no quartel RI-8, em Braga, quando integrou, desde a primeira hora e as primeiras iniciativas, o clandestino Movimento dos Capitães, tendo sido um membro activo na Zona Norte e participado operacionalmente na Acção Militar do MFA, como integrante das forças do Regimento de Infantaria nº 8 de Braga e, no Porto.
Já depois do 25 de Abril de 1974 foi novamente mobilizado para Angola, onde integrou a Comissão Coordenadora do MFA-Angola, onde desempenhou um muito relevante papel junto dos Movimentos de Libertação, mantendo-se nessas importantes e difíceis funções até à retirada do Comissariado Português em razão da independência de Angola.
Posteriormente, desempenhou várias funções militares nomeadamente de comando – Quartel de Vila Real, Quartel General de Santa Margarida e Distrito de Recrutamento de Braga – e integrou a Brigada Nato em missões em Itália e Alemanha.
Foi agraciado com várias condecorações militares e civis, entre as quais a Ordem da Liberdade e a Medalha de Mérito Social conferida pela Câmara Municipal de Guimarães.
Passou à reforma, com o posto de coronel, após mais de 40 anos de brilhante e activo serviço no exército português.
Assumindo sempre com orgulho, disponibilidade e empenho a divulgação e a defesa do significado e dos valores do 25 de Abril de 1974, colaborou activamente com a Associação 25 de Abril, em especial na Região Norte do país, onde desempenhou, até ao seu falecimento, aos 81 anos, as funções de vice-presidente da Delegação do Norte da Associação 25 de Abril.
Civilmente, desempenhou um papel relevante junto das comunidades de Guimarães, cidade natal – integrou a Associação dos Nicolinos – e de Braga, onde residia, tendo desempenhado o cargo de vice-presidente da direcção da Cruz Vermelha de Braga.