Os avós são, para as crianças, um dom precioso, o jardim dos afetos, o incremento de influentes valores, a tranquilidade e alegria, o respeito e a ternura da idade, a reciprocidade do amor… Neste contexto, beijar os avós representa para a criança a grandiosidade do seu sentir, a expressão do seu amor, o gesto interativo de dois seres que se amam, enfim, um dos mais expressivos quadros que encantam e dão beleza à nossa existência. Eu próprio já posso dar esse testemunho.
Haverá seres humanos capazes de contestar a delícia de um beijo dado aos avós? Da parte dos avós, os beijos são terapias que os rejuvenescem e lhes dão mais ânimo para viver, são recompensas de um passado, são gratidões que se manifestam, são frutos de uma boa semente…
Esses atos são importantes ações educativas que vão sendo incrementadas no seio de ambientes familiares e os filhos, imbuídos desse espírito, procuram assemelhar-se aos bons exemplos dos seus progenitores e, como é óbvio, transmitem, na maior parte dos casos, essas aprendizagens, fundidas na sua estruturada personalidade, aos seus filhos, netos dos seus progenitores. E, como é óbvio e normalíssimo, esforçam-se e fazem tudo para que o fruto do seu amor possa transpor essa génese para que a nova semente, que germina numa terra que se deseja bem tratada, fertilizada, possa resistir à poluição e às pragas, cada vez mais agressivas, evitando contaminar a pureza daquele espaço.
Levar os filhos a beijar os avós, ensiná-los a respeitar os mais velhos (e não só!) são valores inconfundíveis que jamais se devem extinguir. “Obrigar a beijar avós é violência”, citando as palavras de um professor universitário no programa “Prós e Contras” da RTP, é uma afirmação descontextualizada preocupada com um gesto nobre que ensina os netos a interiorizar e a interrelacionar-se com os seus ascendentes que lhes têm uma amizade sem limites. Ninguém obriga ninguém, mas levar, ensinar, insistir, num ato de pedagogia pura, sem violência, os filhos a beijar os avós, amigos ou quaisquer outros familiares é um caminho que leva a formar cidadãos com valores enriquecedores, incrementadores do verdadeiro respeito pelas hierarquias estruturantes de uma sociedade, já em si, a ficar um pouco ténue e fragilizada ao contrário e longe de tornar os jovens violentos no namoro e na vida em geral, como também foi dito por esse professor universitário. Nunca vi alguém, apesar de não haver regra sem exceção, violentar ou agredir uma criança por não querer dar um beijo. O que tenho visto é ensinar, arranjando estratégias que levem os filhos a ter mais esse ato amigo para com os seus avós. Não se obriga a dar um beijo, mas ensina-se a dar um beijo, educa-se, forma-se e procura-se lançar para a vida cidadãos com uma formação integral.
Termino com algumas citações de uma carta aberta, que circula nas redes socias, do jovem, Gaspar Macedo, escrita ao dito professor, com passagens muito atuais:
« …Escrevo esta carta porque tenho orgulho de ter beijado os meus avós e que embora o tivesse feito, nunca fui violento ou ultrapassei os limites de outra pessoa…Ainda bem que os meus pais me obrigaram (levaram-no a proceder assim) sempre a dar um beijo aos meus avós ou me “coagiram” a dar “bom dia” a quem conheço. Ainda bem que os meus pais me puniram quando fui mal-educado, porque é a eles que devo aquilo que sou… No fundo a sua (dito professor) intenção é reforçar a ideia que os “progressistas” tentam implantar na sociedade: que os pais devem ter cada vez menos poder na criação dos seus filhos…
É um herói para aqueles que se intitulam de “progressistas” mas que no fundo defendem apenas a desconstrução da sociedade. É um herói para aqueles que vivem da vitimização… É um herói para aqueles que vivem do ódio. É um herói para aqueles que aclamam ministros (e não só!) por serem homossexuais, quando o que apenas importa são as competências… Por isso, enquanto o senhor pertence ao “grupo de heróis” que ataca e corrói o valor mais importante da sociedade – o valor da paternidade – eu não tenho vergonha de pertencer ao grupo que beijou a avó quando o pai mandou e que, por isso, aprendeu a amá-la sempre que possível.»
OBS: No próximo número continuarei a falar sobre Fátima.