Não quero ser alarmista, mas temos pela frente muito pior do que a pandemia provocada pelo COVID 19.
A seguir a esta pandemia outras se seguirão. Serão mais frequentes e pode mesmo acontecer que sejam mais agressivas. Daí estar bem sinalizada a necessidade de serem pensadas, a nível global, soluções que antecipem o que nos aguarda. A experiência global que estamos a vivenciar é terrível e obrigará, necessariamente, os decisores políticos a actuarem, quanto mais não seja a reboque da opinião pública.
Assim, numa leitura mais imediata, pode parecer que o grande problema com que nos depararemos no futuro são as novas pandemias.
Sim, são preocupantes. Porém, não creio que seja o pior que nos espera.
Então o que mais me preocupa relativamente às próximas décadas?
A resposta é clara: o nosso maior desafio, enquanto humanidade, é o impacto provocado pelas alterações climáticas que já estão a acontecer e, sobretudo, as que se avizinham.
Não há como fugir a esta realidade. Os sinais são muitos, estão todos aí e são inequívocos.
As mais recentes manifestações da “revolta” da natureza são as temperaturas improváveis que estão a ocorrer em vários pontos do globo. Assistimos pelo mundo inteiro a temperaturas record, considerando os últimos 100 anos: no Canadá, nos Estados Unidos, no norte da Europa (veja-se o que está a acontecer na Suécia ou na Finlândia) ou no hemisfério Sul, onde é inverno nesta altura, como seja o que vai acontecendo na Nova Zelândia.
Temos assistido a ondas de calor que nos levaram a temperaturas de 34 graus Celcius na Lapónia, ou de 49 graus Celcius no Canadá, onde morreram mais de 500 pessoas de morte súbita!
Assistimos a imagens que pareciam saídas de um qualquer filme de ficção, com o asfalto a derreter, cortes na energia elétrica…
E que dizer das imagens da seca no mundo, da fome, dos refugiados, das nuvens de fumo, dos “mares” de plástico, dos derramamentos do crude…?
E sobre a passagem de vírus do reino animal para os humanos por estarmos a invadir o seu território?
Afinal o que mais precisamos para sermos convencidos que o tempo nos está a fugir?
Há vários anos que os especialistas vêm alertando para a situação, mas a verdade é que os decisores políticos e os cidadãos não lhes têm prestado a devida atenção.
É indubitável que o planeta não aguenta a pressão que estamos a fazer sobre ele.
A nossa relação com a natureza tem, necessariamente, de sofrer uma profunda alteração.
Ou mudamos nós esta relação a bem, ou a natureza encarregar-se-á de a mudar a mal, com consequências imprevisíveis, provavelmente aterradoras.
Alterar este caminho depende de todos, em geral, e de cada um de nós, em particular.
Como li algures, “não é a natureza que precisa de nós, somos nós que precisamos da natureza”.