Há que dizer, sem ambiguidades, que o serviço de recolha de lixo em Vila Verde não é bom.
Nesta fase do ano, o problema aumenta e regressa sempre o debate sobre quem são os culpados. E, regra geral, as posições extremam-se: uns culpam exclusivamente a câmara, outros a falta de civismo dos cidadãos.
Eu advogo responsabilidades partilhadas.
Por um lado, a câmara sacode a água do capote. Empurra a responsabilidade para a empresa que faz a recolha, como se não fosse ela a ter feito a concessão do serviço, e simultaneamente, responsabiliza os cidadãos. A palavra de ordem é: “ não há civismo”.
Por outro lado, os seus opositores tendem a responsabilizar exclusivamente a autarquia. Parecem querer fechar os olhos ao dever cívico de cada um de nós.
A responsabilidade maior está, de facto, na autarquia. Mas também há cidadãos, demasiados a meu ver, com comportamentos desadequados, que não fazem reciclagem, que colocam o lixo fora de horas e em locais inapropriados, que deixam o lixo mal acomodado…
A câmara é a primeira responsável pelo facto de o serviço não ser eficiente. Este está mal dimensionado para as necessidades, mas várias das situações que ocorrem indiciam falta de civismo dos cidadãos.
Afinal, o que fazer para resolver um problema ambiental grave, com consequências na saúde pública, que já se arrasta há demasiados anos?
Em primeiro lugar, o problema só se resolve se a autarquia e os cidadãos estiverem dispostos a cooperar e a assumir responsabilidades partilhadas.
Em segundo lugar, a autarquia tem de rever com determinação o serviço que está a ser prestado. Tem de haver mais frequência e mais pontos de recolha, com particular atenção para a reciclagem. É, ainda, fundamental reforçar o serviço nos períodos do ano mais críticos e desenvolver uma acção continuada de sensibilização da população. E, se for necessário, que os prevaricadores sejam penalizados como acontece noutros países europeus.
Em terceiro lugar, tem de existir uma cidadania activa. Se os poderes públicos não encontram as respostas adequadas, esse facto não nos desobriga de sermos responsáveis. Temos o direito – aliás, temos a obrigação – de protestar, mas também é uma incumbência o sentido de responsabilidade nas nossas acções individuais.
Se não protestarmos o serviço não melhora, mas se não colaborarmos não há sistema que aguente.
Eu tento fazer a minha parte. Na zona onde moro (a 700 metros da câmara) só é feita recolha duas vezes por semana e na minha rua não passa o carro do lixo. Todavia, faço reciclagem e nunca deixo lixo fora do lugar nem fora de horas. É apenas e só uma obrigação de cidadania.