Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou, esta quarta-feira, a «mobilização parcial» de cidadãos na reserva com vista a reforçar o esforço de guerra frente à Ucrânia.
Ao falar à nação numa mensagem gravada, o líder russo repetiu a retórica que levou à invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, e fez um apelo à mobilização da sociedade para mais apoio à guerra.
Na visão de Putin, se os russos não vão às Forças Armadas, as Forças Armadas vão até aos russos. «Decidimos tomar medidas para garantir a soberania e a segurança da Rússia, por isso apoio a proposta do Ministério da Defesa de mobilização parcial», explicou.
«Cidadãos que estão na reserva e que já tiveram serviço militar ou que têm especialidades importantes irão ter mais treino para participar nas operações militares», disse Vladimir Putin, anunciando que «o decreto de mobilização parcial já está assinado» e que «a mobilização começará hoje mesmo».
Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, vão ser mobilizados 300 mil militares, o que representa cerca de 1% dos 25 milhões de russos na reserva.
AMEAÇA NUCLEAR «NÃO É BLUFF»
Para além disso, o presidente da Rússia revelou a criação de novas fábricas de armamento, de forma a manter o esforço de guerra e voltou a agitar o fantasma da ameaça nuclear.
Num discurso cristalizado em Fevereiro de 2022, Putin recorreu à mesma retórica da necessidade de libertar os povos dos territórios separatistas e voltou a pintar o Ocidente como o inimigo que quer destruir o império.
«No Ocidente não param de ameaçar o nosso povo, falam do fornecimento de armas de longo alcance à Ucrânia, falam da Crimeia e de ataques à própria Rússia», disse Vladimir Putin.
«Londres e outros dizem que os combates devem passar para o território russo e fazem chantagem nuclear», afirmou Putin, argumentando que foi o Ocidente e não a Rússia que atacou a central nuclear de Zaporíjia.
«Dirigentes da NATO admitem o uso de armas de destruição massiva contra a Rússia. Lembro a quem faz estas acusações que também temos meios de ataque, e mais modernos, e que se a defesa da integridade russa estiver em risco usaremos todos os meios ao nosso alcance para resolver os problemas», acrescentou o líder russo.
«Os russos podem estar descansados, a nossa segurança está garantida e usaremos todos os meios que temos ao nosso alcance», insistiu Vladimir Putin, destacando que «os que fazem chantagem, que tenham cuidado, o mal pode virar-se contra eles», concluindo, em seguida: «Isto não é um bluff».